Já por diversas vezes, tenho visto colegas que, no afã de corrigir supostos erros de outrem, acabam por apontar como erros coisas que, em verdade, não o são.
Isto se dá, com larga margem de segurança, porque alguns há que, haja vista a maneira como se comportam, parece carregarem dentro em si um tal cabedal de conhecimento da língua portuguesa, que autorizá-los-ia à análise de todo e qualquer escrito, pronunciando, então, a palavra final acerca da correção ou não de quanto aqui se publica.
Quer-me parecer, no que tange ao assunto em pauta, que, a conferir autoridade a tal procedimento, far-se-ia necessário um estudo minucioso da gramática portuguesa, dada a complexidade e a riqueza de nuances da mesma. Será sempre de bom alvitre, àquele que julgar ter encontrado tais erros, consultar a palavra abalizada de um Evanildo Bechara, ou de um Celso Cunha, para ficarmos em apenas dois exemplos, antes de arvorar-se em mor defensor dos princípios gramaticais que regem a chamada norma culta da língua, tanto no concernente à concordância e à regência, como tem sido fato encontradiço nos referidos comentários, como também naquilo que diz respeito à prosódia.
Afinal, é de tal complexidade a língua nacional, que se há de reconhecer, a bem da verdade, um fato incontestável, sempre a saltar aos olhos de todo observador, qual seja: qualquer de nós, ao identificar um eventual erro dessa natureza, deve certificar-se de sua efetiva ocorrência, para somente depois apontá-lo, sempre no superior interesse de esclarecer as dúvidas muita vez suscitadas, na árdua tarefa de redigir em tão complexo e perigoso, embora belo, idioma.
Um abraço a todos os insignes colegas.
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