Os espaços para a poesia nos jornais e revistas já foram mais generosos, em outros tempos. Atualmente, estão cada vez mais escassos, para não dizer inexistentes. A despeito disso, a necessidade faz com que tenhamos que criar espaços novos, como o Projeto Poesia na Rua - trechos de poemas em out-doors, que o Grupo Literário A ILHA lançou, há alguns anos, em Santa Catarina, assim como o Projeto Poesia no Shopping, Poesia Carimbada, Pacote de Poesia, entre outros. Mas há espaços ainda mais inusitados sendo descobertos. Se eu ou você, leitor, formos ao shopping ou à praça de alimentação de algum supermercado, ou à padaria, ou a um restaurante, uma lanchonete, podemos correr o risco de receber, junto com o lanche, um poema, um trecho de poema ou apenas um verso. Há que se convir que é no mínimo original encontrar poesia no saco de pão, na bandeja do lanche, no guardanapo, no pacote do sanduba.
E é o que está acontecendo. Esses espaços, impensados, até algum tempo atrás, foram descobertos e tomados de assalto pela poesia. Padarias imprimem poemas de poetas da cidade no pacote de embalar o pão, a idéia do bilhetinho da sorte no bolinho chinês foi adaptada e já existem sanduíches que vem com um poema na sua embalagem e a bandeja onde se recebe a refeição pode vir forrada ou com o guardanapo impresso com poesia.
São espaços novos, alternativos, com custo baixo, que ajudam a popularizar a poesia, a fazê-la chegar até o leitor, que tem condições de conhecê-la e descobrir, assim, se gosta dela ou não. E, mais interessante, é que, mesmo sendo alternativas novas, já existe quem as esteja melhorando, como é o caso da poesia no saco de pão, que a Fundação Cultural de Blumenau implantou na cidade, atingindo todas as padarias. É que aquela fundação tem a sua própria gráfica, o que desencarece a impressão, facilitando alcançar todos os consumidores de pão de Blumenau. Mas o mérito não é ter o recurso. O mérito é utiliza-lo em prol da comunidade e é o que está sendo feito.
É interessante como lançar mão desses recursos novos pode ser enriquecedor, pois eles é que vão nos possibilitar chegar até o leitor comum ou até ao indivíduo que ainda não é leitor. São essas maneiras inusitadas e originais que fazem com que o cidadão esbarre com a poesia sem esperar e descubra, não raro, que gosta dela. Como já foi dito e repetido, a poesia é o alimento da alma. Logo, nada para combinar melhor do que pão com poesia.
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