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Artigos-->BARALDI: A ROCKCHARGE & CHARGEROCK LEGAIS DEMAIS -- 12/02/2004 - 06:43 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando eu era bem molecote, daqueles presepeiros da beira do rio Una, no meio de uma travessura e outra, eu descobri o gibi e o rock. Primeiro o rock, depois o gibi. Claro, eu não parava de solar uma guitarra invisível no bucho e me esgoelar embaixo do chuveiro, azucrinando a paciência alheia.

Por causa desse amostramento levei cascudo que só. Nada adiantou, nem me corrigiu. Ainda hoje apronto das minhas, como naquele tempo.

Sim, o rock primeiro chegou para mim via Beatles, depois Roberto & Erasmo Carlos e a sua trupe do iê iê iê.

Daí pro rock progresivo foi um pulo, mas transitando no meio de tudo: Yes, Mutantes, Led Zeppelin, Rita Lee, B B King, Casa das Máquinas, George Gershwin, Bob Dylan, Steve Wonder, Passaport, Gênesis, Pink Floyd, Secos & Molhados, Simon & Garfunkel, Rodrix, Sá & Guarabira, blues, jazz e misturando todo tipo de batucada num balaio só. Isso sem contar que ainda me ligava no Luiz Gonzaga, Jacson do Pandeiro, Claudionor Germano, mais os sucessos dos festivais de MPB e as virtuoses dos clássicos de Vivaldi até Villa-Lobos. Maior auê de salada pura. Dá pra notar minha doideira, né? Pois é.

Já o gibi, nossa, todo tipo também. Era o maior colecionador da redondeza, tendo desde a Turma da Mônica, passando pelo Batman, alcançando a Mad até chegar no Pasquim. Henfil já era meu ídolo. Ele e toda turma, claro: Ziraldo, Millor, Lan, Nani e os papas irreverentes da charge brasileira.

Isso quando já rapazote porque quando chegava o jornal ou revistas eu só queria ver as tiras e as charges. Mais nada.

Disso como sempre fui xexéu dos mais permeáveis, bebendo de tudo em todas as pluralidades, tanto fiz força para virar desenhista – na verdade, primeiro eu queria ser motorista de ônibus interestadual, depois jogador de futebol, cantor de multidões e tome sonhos pra cima na minha busca por vocações muitas de nenhuma até hoje sequer ter dado certo, ora! -, que nunca sequer consegui fazer nenhum esboço decente. Reprovado na hora. Inábil de nascença. E olhe que eu tomei lições as mais detalhadas de muitos amigos que já se dedicavam às artes plásticas. E vi de tudo, do da Vinci ao Bacon, passando por Picasso, Dali, Portinari, enfim, tudo de cores, perspectivas, misturas e telas.

Quando dei fé, era tão desafinado que nem no traço nem na tinta eu conseguia harmonizar coisa alguma. Resultado: um artista plástico frustrado. Verdade. Ainda hoje morro de inveja quando vejo uma exposição, ou mesmo quando consigo comprar a Velta, ou quando revisito a arte de Roger Dean, as charges do Laílson e de toda movimentação dos HQs que recebo aqui de todo Brasil.

Para minha surpresa, hoje tenho a oportunidade de conhecer um artista que destaco sem a menor estribeira: o não menos invejável trabalho do Márcio Baraldi, o cartunista mais rock´n´roll do Brasil. Isso mesmo! E como dizem os editores, se bobear, do mundo!

Pois bem, gente, foi que acabei de receber um volume com trabalho da Opera Graphica Editora e do Rock Brigade: o Roko-Loko e Adrina-lina – os personagens mais rock´n´roll do Brasil, uma reunião do trabalho de Márcio Baraldi.

Os editores asseveram nas orelhas do livro que: “Ninguém fez, faz e publica tantos cartuns e HQs explicitamente roqueiros como ele. Cartunista de nascença, ele começou a misturar rock com desenho ainda na infância, quando se converteu ao rock´n´roll após ouvir We will rock you do Queen num velho rádio valvulado”.

O editor de arte da Rock Brigade, Fernando Souza Filho, diz na apresentação que traz o titulo “Mandado pelos deuses” que Baraldi “(...) já cravou seu nome na história do rock no Brasil (...) E esse é apenas o primeiro volume, pois ainda existem mais um milhão de histórias para publicar”.

Gente, na Vera! Quando eu comecei a ler, botei pra rir logo com “Camisinhas musicais”.

Depois me lasquei todo com “Rockontatos imediatos” e, mais adiante “Os perigos da pirataria”, “Palhação é a mãe”, “Zappa é um gênio”, a mais hilariante de todas “Conhece o cunha”, “A revolução dos bichos” e a apoteose final com as tiras selecionadas.

Embolei de rir, quase dou um estouro e tenho um troço daqueles bem pilorento.

Quer mais? Isso ainda não é nada, pois na edição 97 do Pasquim21 vocês vão saber que ele, recentemente, recebeu dois prêmios Ângelo Agostini, conferido pela AQC – Associação dos Quadrinistas e Cartunistas de São Paulo, como “Melhor Cartunista de 2003” e “Melhor Lançamento de 2003”, justamente pelo livro Roko-loco e Adrina-Lina.

Saliente-se, ainda, que ele já recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro, em 2002 e também outro Ângelo Agostini em 2003.

E agora, depois disso tudo o que posso mais dizer?

Bem, eu digo só o seguinte: o trabalho do Márcio Baraldi é porreta demais, incluindo-se nisso um traço originalíssimo, inteligente e por demais hilariante. Mais alguma coisa? Sim, muito mais, mas prefiro que procurem conhecer já! Boa sorte e sucesso, amigo Baraldi!



Muito bem, MÁRCIO BARALDI está tranquilamente entre os melhores e mais produtivos cartunistas do país. Nascido em Santo André, em 1966, foi criado no tenso e intenso clima político-sindical que foi marca registrada do ABC paulista nos anos 70 e 80, o que acabou marcando profundamente seu trabalho e personalidade.

Ao iniciar sua carreira no Sindicato dos Químicos do ABC, em 1983, Márcio abraçou tão profundamente a imprensa sindical que acabou se fundindo à ela, gravando seu nome permanentemente na imprensa engajada, militante e humanista e se tornando o cartunista mais prolífico, ativo e participativo dela.

Além dos 19 anos ininterruptos nos Químicos, Marcio também é há 10 anos, chargita no Sindicato dos Bancários de São Paulo e em outros sindicatos, como Metroviários, Psicólogos, Médicos, Servidores da Saúde, dentre outros. Mas o elétrico e atômico cartunista não pára, tendo passado também por revistas como Globo Ciência, Superinteressante, MAD, Níquel Náusea, América Economia, Caros Amigos, Reformar e Construir, dentre outras. Atualmente pode ser conferido todo mes nas revistas Rock Brigade, Roadie Crew, Metalhead, Tatoo, Dynamite, Brazil (erótica) e Visão Espírita.

Baraldi foi premiado por diversas vezes, a exemplo dos dois prêmios Angelo Afostini, conferidos pela AQC - Associação dos Quadrinistas e Cartunistas de São Paulo, como "Melhor Cartunista de 2003" e "Melhor Lançamento de 2003" pelo livro Roko-Loko e Adrina-Lina. Além desses, recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, em 2002, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro.

Baraldi já publicou os livros "Moro num país tropicaos", em 2002 pela Publisher Brasil, reunindos suas caricaturas e desenhos humorísticos, com prefácio de Ziraldo e Luís Inácio Lula da Silva. Depois veio "Roko-Loko e Adrina-lina", em 2003, pela Opera Graphica Editora e Revista Rock Brigade. E em 2004, "Roko-Loko e Adrina-Lina atacam novamente", pela mesma Opera Graphica Editora e revista Rock Brigade, com apresentação de Ricardo Franzin, da revista Rock Brigade e prefácio de Luiz Alberto Machado. Tambpm foi incluído na "Tiras de Letra", organizada pelo Mário Dimov Mastrotti, pela Editora Virgo, em 2003.

Num papo descontraído, Baraldi fala de como tudo começou até os anseios com os seus projetos futuros. Com vocês, Márcio Baraldi.



LAM - Márcio, como foi a descoberta pela arte?



BARALDI: Eu sou daqueles moleques que já nasceu rabiscando. Desenhava na toalha, na parede , no guardanapo,era um terror pra minha mãe, coitada!Pra me "acalmar" ela me dava bastante papel e canetinhas, assim eu ficava quieto e dava sossego pra ela. Foi assim que eu descobri a "arte"(rs)!



LAM - O que mais contribuiu para que você se definisse pelo seu trabalho artístico?



BARALDI: O tesão pelos gibis! Eu fiquei fascinado por gibis desde a mais tenra infancia,aprendi a ler com uns cinco anos, antes de ir pra escola, graças aos gibis! Tinha tanta vontade de lê-los que fui aprendendo com eles .Fui albetizado pela Monica e Cebolinha!!! Outra coisa que eu adorava eram os desenhos animados. Sou de uma geraçao que pegou desenhos classicos geniais como Corrida Maluca, Pernalonga, Bip,Bip,Pica-Pau,Roger Ranjet, Tom Sem Freio, Jorge das Selvas, Jetsons, Flintstones,etc. Eu adorava tudo isso e o Muppet Show, que era o meu programa preferido quando moleque,adorava aqueles bonecos contracenando com humanos! Eu morava no suburbio, numa época mais tranquila , e foi uma infancia excelente!!!



LAM: - Como foi que tudo começou até chegar na escolha pelos quadrinhos, charges, cartuns?



BARALDI: Quando eu conheci os gibis da Monica, Perere e a turma do Sitio do Pica-Pau amarelo, na infancia,aquilo me pegou em cheio! Eu que adorava desenhar me identifiquei totalmente com aquelas obras e comecei a desenhar cada vez mais minhas proprias HQs, cartuns e a criar meus proprios personagens. Eu tenho zilhoes de cadernos em casa lotados de personagens que bolei na infancia. Pra mim tava claro que eu tinha nascido para aquele ofício!



LAM - Você já arrebatou vários prêmios. Fala deles: de que forma tais prêmios têm contribuído para o seu trabalho?



BARALDI: Eu tenho varios, os mais interessantes são : um Prêmio"Humor Popular" , que ganhei no Salão de Volta Redonda em 1994.Esse premio era conferido não pelos jurados, mas sim pelo proprio publico que visitava o salao e na saida votava no cartum que mais tinha gostado no Salao inteiro. Este foi legal poque foi o povo e não a "crítica"que me deu! Outro muito legal foi o "Vladimir Herzog" de Direitos Humanos ,em 2002.Esse premio é conferido pela Comissao de Justiça e Paz, Sindicato dos Jornalistas, OAB, entre outras entidades de direitos civis,e é conferido a jornalistas e cartunistas cujo trabalho contribuiu para a defesa dos Direitos Humanos no Brasil.Gosto dele porque não é um premio meramente estético e sim político! Fora isso ainda ganhei tres "Angelo Agostini", um em 2003 e dois em 2004,como melhor cartunista do ano e melhor lançamento do ano para meu livro "Roko-Loko e Adrina -Lina". Esses premios todos me deixam feliz porque sao um reconhecimento desse trabalho todo que venho plantando nesses quase 22 anos de profissao.É legal saber que estao dando algum valor pra nossa batalha e suor!Os premios só me incentivam a seguir cada vez mais em frente e confirmam que eu escolhi o caminho certo na vida.



LAM - Como foi que tudo começou com alusão ao Roko-loko e Adrina-Lina?



BARALDI: O Roko e Adrina nasceram por acaso, se é que o acaso existe.Eu bolei uma unica HQ com o casalzinho, que na época, nem tinham nomes, nao eram personagens de nada senao daquela unica historia, e levei para revista Rock Brigade. Para minha felicidade eles adoraram a HQ e publicaram no ato e disseram que queriam uma HQ deles todo mes, aí eu tive que me virar pra bolar outras e já fazem quase nove anos que eu estou me virando e bolando novas historias com eles(rs)!



LAM - Qual a perspectiva que você tem com relação ao Roko-Loko e Adrina-Lina?



BARALDI: Sao as melhores possiveis!Eles viraam um sucesso absoluto entre a roqueirada brasileira e meu trabalho já começa, devagarinho,a aparecer em outros paises tambem como o Equador, onde tambem desenho para a revista "Headbanger Magazine". Lancei o primeiro livro do casalzinho o ano passado que vendeu muito bem e foi até premiado, este ano lancei o segundo que promete esgotar rapido tambem e já tenho um terceiro na manga pra 2005.Alem disso estou preparando o video-game do Roko-Loko e estreei meu site onde as pessoas do mundo todo podem conhecer melhor meu trabalho (www.marciobaraldi.com.br). Enfim, estou trabalhando muito pelo Roko e Adrina e se depender de mim , eles irao longe!



LAM - Como se deu essa opção pelo humor-rock?



BARALDI: Nao foi exatamente planejado.É que eu sempre fui muito ligado em RocknRoll, sempre tive um comportamento roqueiro, um espírito rocker, e isso acabou vazando naturalmente pros meus quadrinhos.Lembro que quando descobri o rock, aos onze anos, passei imediatamente a lotar cadernos de escola com desenhos do Queen e do Kiss, minhas duas bandas preferidas na infancia e pré-adolescencia.Aí fui desenvolvendo isso conforme iam surgindo as oportunidades certas.

Tambem me interessei por politica cedo e foi inevitavel que eu misturasse politica com rock no meu trabalho!



LAM - Rockcharge ou chargerock?



BARALDI: As duas e muito mais!O que vier eu traço, rabisco ,risco e arrisco(rs)!



LAM - Você tem sido muito bem recebido pela mídia e pela crítica especializada, angariando elogios rasgados ao seu trabalho. Como você tem recebido isso?



BARALDI: Tô feliz, porque finalmente tô sendo recompensado por aquelas centenas de madrugadas que passei em claro trabalhando(rs)!Véio, sem brincadeira, só eu e Deus é que sabemos o tanto que eu já ralei nessa profissao. Só tendo muito amor pelo ofício pra fazer o sacrificio que eu fiz. Sempre fui do grupo de artistas que CRIAM e não dos que copiam e sempre lutei pra deixar isso claro pra todo mundo!Modéstia a parte, não existe no mundo outro personagem roqueiro como o meu, a minha formula é nova, é sangue novo, sacou?!Digo isso não é nem pra capitalizar esse merito só pra mim mas tambem pro Brasil, por que odeio ver brasileiro desprezando tudo que é feito no Brasil, achando que nada que é feito no Brasil presta. Nao é verdade, nós temos vanguarda mundial em muitas areas, e o Roko-Loko e minha "charge-rock" são vanguarda tambem! Não vou esperar eu morrer pras pessoas virem reconhecer isso, vou deixar isso claro JÁ!!! ,enquanto estou vivo(rs)!



LAM - Para finalizar, você ao que parece é workaholik mesmo, hem? Então, quais os projetos futuros que você têm em mente?



BARALDI: Eu tenho uma vocaçao arretada pro trabalho mesmo, nasci pra trabalhar, criar e produzir!Nao tiro férias, não casei, nao tive filhos, não fiz nada que pudesse me desviar do meu trabalho.Essa minha atual encarnação eu tirei pra trabalhar(gargalhadas)!!!Casamento e ferias ficam pra proxima. Eu tenho sempre zilhoes de projetos em andamento. Os proximos sao mais um livro de charges politicas, um album do meu personagem tatuador "Tattoo Zinho", o video -game do Roko-Loko e mais algumas coisas bacanas ai. Vamos com calma que tudo esta´sendo bem feito que é pra durar. Meu trabalho não é descartavel , pras pessoas esquecerem em pouco tempo. Meu trabalho é que nem Minas Gerais, quem o conhece não esquece jamais (gargalhadas)!!!! Abraços a todos! Visitem meu site e deixem um recado no guest book! Valeu!!! Marcio www.marciobaraldi.com.br



*Entrevista concedida para Luiz Alberto Machado em set/2004.



Veja mais de Márcio Baraldi no:



http://www.marciobaraldi.com.br



Ópera Graphica: www.operagraphica.com.br



Rock Brigade www.rockbrigade.com.br



Contatos: mbaraldi@spbancarios.com.br



© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

http://www.luizalbertomachado.com.br

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