Numa dessas esperas, num banco, entabulei conversa com uma mulher. Esse tipo de papo fiado, de quem quer ver qualquer coisa, menos o tempo arrastar-se, em minutos de impaciência inútil.
Foi um encontro, de certa forma, inusitado. Num desses colóquios do tipo "Que coisa, não? Parece que o calor vai entrar pelo inverno..." , minha interlocutora deteve-se por alguns segundos. Estranhei a interrupção da conversa, segui-lhe o olhar e deparei com uma propaganda, sobre seguro de vida, que dizia:
"Deixe seus descendentes com um sorriso nos lábios e dinheiro no bolso"...
A mulher, após um piscar de olhos fremente, desses que nos acometem quando tentamos prender o pranto, disse, com uma ponta de tristeza na voz:
- Esses comerciais de seguro me deixam tão triste; fazem lembrar-me que não tenho filhos, e nem posso tê-los; e me dá tanto medo de chorar por causa disso. Acrescentou:
- E você?
Respondi distraída:
- Eu... O quê?
Ela:
- O que sente em relação a isso?
- Ah... Sinto pena. Muita pena de quem tem "medo de chorar". Chorar é algo tão sublime e humano. Uns choram pelos filhos, e com eles, na alegria ou na tristeza. Outros choram, exatamente por não poder usufruir tal sentimento.
Enfim... O que seria da vida, não fossem estes impasses que volta e meia se introduzem em cada destino, sem que "escolhas possam ser feitas". Pois não decidimos o momento de rir ou de chorar. Ele simplesmente acontece.
Dê um clic na cara e sinta "the love"...
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