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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->36. AS INVESTIGAÇÕES CONTINUAM -- 28/06/2002 - 06:02 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Leonel acompanhou Fernando até a loja. Interessava-se pelo desfecho das conversas com João e com Joaquim.

João estava prestes a sair, de forma que o reencontro se deu com muita rapidez. Não houve tempo para lhe adiantar nada. Apenas quiseram saber qual a data em que Jeremias iniciara suas idas ao Centro Espírita.

— Difícil de lembrar. Mas não faz muito tempo. De oito a dez meses.

— Obrigado, amigo. Isto poderá ajudar-nos bastante.

João mantinha-se curioso pelo andamento das investigações, mas não poderia, realmente, ficar. Estaria disponível, como sempre, à noite, no “Jesus de Nazaré”. Não haveria trabalho com espíritos. Só atendimento de carentes e alcoólatras. E o semanal “Bazar da Pechincha”. Era o dia mais concorrido, de forma que teriam tempo para conversar, à vista do grande número de auxiliares.

Fernando prometeu pensar sobre o assunto. Talvez fosse.

Assim que João saiu, os “detetives” compararam as informações com as datas e concluíram que poderia haver coincidência.

Leonel queria mais ação:

— Vamos ligar para o Joaquim?

— É preferível ir até lá.

— Então, vamos saber se nos recebe.

Joaquim não gostou muito da perspectiva de receber a dupla. Prometeu procurá-los daí a pouco. Era só o tempo de despachar uns assuntos com o contador.

Fernando suspeitou que João estaria sendo substituído. Ou seria alguém de seu escritório? Enfim, a responsabilidade agora estava em outras mãos.

Enquanto aguardavam, Leonel quis saber que atividades se desenvolviam num centro espírita. Desejava estabelecer a correlação entre espiritismo e estrepolias. Afinal, era o que buscavam para entenderem as atitudes do amigo.

Fernando desconfiou de que havia mais que isso e não se fez de rogado. Contou tudo o que vira, de maneira muito séria. Não se esqueceu das leituras, tendo mostrado os livros. Se quisesse, podia levar aquele que tinha lido.

Leonel aceitou de bom grado. Ilustrar-se-ia.

Pareceu ao amigo que tal atitude era diferente da declarada de que confessaria e comungaria, para agradar as pessoas. Em todo caso, pôs dúvida na leitura.

— Não leio muito, é verdade. Porém, quando afirmo que vou ler, pode contar que leio mesmo.

A tarde avançava e Joaquim não aparecia.

— Estará “fazendo hora”? No telefone, tratou-me com desenvoltura. Estará com medo de enfrentar o ex-patrão?

— Pergunte a ele mesmo, que está entrando.

Eram quase cinco horas. Dentro em pouco, as portas se fechariam e Fernando teria de atender ao expediente do caixa e à prestação de contas do gerente. Joaquim teria de ser rápido.

— Resolveu o que fazer?

Perguntou com receio de estar introduzindo tema desconhecido para Leonel.

— Já conversamos com Dona Adelaide. Não foi lá que Jeremias contraiu a AIDS. É praticamente certo. O que queremos de você é que nos forneça os outros endereços.

— Não há nenhum outro.

— Como assim? Não foi você mesmo quem me afirmou...

— Estou bem lembrado de ter dito uma vez por semana, uma casa de prostituição. Quando vocês saíam juntos, variavam os endereços...

Leonel interferiu. Notou que havia forte indisposição entre os dois:

— É certeza de que só há uma “casa de prostituição”?

— Podem confirmar com Dona Maria. Eu dei a ela as notícias dia a dia. Está a par de tudo. Juro por Deus!

Joaquim não arredaria pé do que dissera. As investigações encalacravam.

— Será que você não sabe de algum relacionamento com alguma funcionária. Alguma amizade desconhecida?

— Nem com efeminados. Podem dizer claramente. Estou habilitado para lhes passar todas as informações. Não me envergonho do que fiz. Estava sendo remunerado regiamente e sempre tive tendência para esse tipo de pesquisa. Se pudesse, montava escritório de investigações.

Fernando notou que o ex-empregado estava muito desabrido, contrariando, inclusive, as informações prestadas anteriormente. Adquirira dignidade ou era efeito das novas responsabilidades?

— Se surgirem novas idéias, iremos precisar de seus conhecimentos.

— Queria pedir-lhe um favor, Senhor Fernando.

— Se estiver ao meu alcance.

— Deixei carta em que dispensava o dinheiro do aviso prévio. Enganei-me. Se não lhe for pedir muito, gostaria de refazer a solicitação.

— Vamos cumprir o que a lei determina. Não é assim que um Assistente Técnico da Diretoria deve agir?

Joaquim mordeu os lábios. Desejava pedir mais. Hesitava. Fernando deu a deixa:

— Vou falar com o João. Está como responsável pela contabilidade e responde pelo setor do pessoal. Você poderá contatá-lo na sua loja mesmo.

— Dona Maria resolveu dispensá-lo. Mas estou colocando resistência. Por enquanto, vai ser mantido, até que arrume outro escritório idôneo. Ainda agora estava conversando com um amigo contabilista, para ver se realizo a transferência. Está certo, então, que vou falar diretamente com ele?! Posso solicitar que o pedido de demissão se transforme em dispensa sem justa causa, para receber o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço?

“Foi-se a dignidade.”

— Se João não achar inconveniente, assinarei as guias. Mas não esteja muito seguro disso.

— Obrigado, patrão! Deus o abençoe por tudo o que tem feito por mim!

As expressões de agradecimento só aumentavam o asco pela repugnante personalidade. Fernando desejou ver-se livre do ex-subalterno.

Assim que saiu, Leonel quis saber de mais detalhes a respeito das atividades do espião. Foram interrompidos por chamada telefônica. Era o Capitão Francisco. Confirmava a reunião para o dia seguinte. Às cinco da tarde, em sua residência. Passado o endereço, recomendou que não se alimentasse muito no almoço. Se possível, que meditasse um pouco com a ajuda dos livros de Kardec.

Aí já não dava mais tempo e Leonel teve de retirar-se. Não poderia ir ao Centro, mas recomendava que Fernando fosse. Poderia adiantar os assuntos com o contador.

Só, Fernando recebeu um claro aviso espiritual:

— Caro amigo, a caridade começa em casa.

Lembrou-se de Dolores. Do advogado. De Judite. Do Padre Timóteo. Se o gerente não entrasse naquele instante, iria ter algum achaque depressivo. De relance, passou-lhe pela lembrança as peripécias junto à tal de Dona Adelaide. Fora tão expedito para esse encontro e a esposa estivera no hospital a manhã inteira, disponível para sua aproximação. Realmente, a caridade não estava começando em casa.

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