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Teses_Monologos-->O homem do bar -- 02/06/2005 - 17:57 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O HOMEM DO BAR



Quando chego, lá pelas onze horas, ele já está sentado em frente às duas mesas, sempre as mesmas, tomando sua cervejinha e comendo amendoim. Não há domingo que falte!
Ele é um senhor mais ou menos da minha idade, magro, baixo, discreto, simpático, que conserva os cabelos da mocidade, um pouco grisalhos. Tem o tipo de um contador de empresa.
A gente nota sua impaciência pela forma como consulta o relógio de pulso e a atenção aos carros que estacionam.
O bar que freqüentamos aos domingos pela manhã, um típico cacete armado da Bahia, é parecido com dezenas de outros que existem em todos os bairros da cidade, pontos de encontro de amigos que se tornam fregueses habituais.
Pelo que imagino, aquele senhor cumpre uma rotina prazerosa a cada semana: ele comanda uma reunião da família que começa por volta das onze e meia e termina depois das duas da tarde, a depender da tabela do campeonato de futebol.
Os primeiros a chegar são sempre a filha, uma bonita moça com cerca de 35 anos, o genro, rapaz atlético, risonho, e os três netos, talvez com dez, oito e sete anos, respectivamente, crianças encantadoras que se comportam convenientemente e que sempre levam algum brinquedo coletivo para jogar.
Quando os netos chegam, o avô abre os braços, abraça-os, beija cada um deles e explode em alegria.
Logo a família adere à cerveja do patriarca e começa a fase gastronômica da reunião, enquanto vão chegando outros parentes e pelo menos um casal de amigos.
Se ainda tem mesa vazia no bar, ao lado deles, para lá vão as crianças, que iniciam sua brincadeira.
Às mesas principais começam a chegar os acarajés e abarás, caranguejos, lambretas, queijos de coalho, amendoins, às vezes codorninhas assadas e sempre muitas cervejas.
No dia que tem jogo do Vitória, tanto o genro quanto os netos aparecem com bonés e camisas vermelho e preto, e a conversa muitas vezes descamba para discussões sobre futebol, pois sempre tem alguém que torce pelo Bahia. Nesse dia vão mais cedo.
Faz muitos anos que freqüento aquele lugar, onde também me encontro com alguns amigos, aos domingos, e aquela família, unida em volta de mesa de bar, é uma lição de humanidade e simplicidade.
Eu os encontro há tanto tempo que já nos cumprimentamos amavelmente, como aliás acontece com outros freqüentadores, embora, rigorosamente, não conheça qualquer deles.
A felicidade que vejo estampada no rosto daquele homem, quando recebe os netinhos, o carinho com que fala com a filha e o genro, tudo aquilo me leva a fantasiar que a família elegeu aquele bar e aquele momento para sua reunião semanal, quando também recebem visitas de parentes e amigos.
Minha suposição é que aquele senhor tenha se separado da mulher, de forma litigiosa, e que ela more com a filha. Essa situação o impossibilita de freqüentar a casa deles, donde haver eleito o bar como local de encontro com a família.
Se as coisas não forem assim, se ele for viúvo, por exemplo, tanto faz. O que realmente importa é constatar o quanto aquele lugar público é importante para a vida de nosso personagem.
Salvador, 12 de junho de 2003


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