AH! AQUELE CARLOS...
Nossos vizinhos, nas Perdizes, eram bem engraçados. Dona Rina, bravíssima, dava bronca nos filhos tão alto, que lá de casa ouvíamos. As meninas se comportavam, mas os rapazes...
Carlos, mais velho do que nós, era da pá virada. Já universitário, tinha um calhambeque preto, com aquela buzina estridente do lado de fora. Ao dobrar a esquina, o quarteirão inteiro sabia que ele vinha chegando.
Um dia, quando foi levar a irmã ao colégio, ela, sentada no banco de trás, vendo as colegas pelo caminho, dava adeusinhos. Já quase na porta da escola, entusiasmada, esticou mais o braço.Aí sua mão ultrapassou o lugar do vidro – que não estava lá – e ficou balançando no ar... E as colegas, todas adolescentes, rindo sem parar... Lúcia quase morreu de vergonha.
Outra vez, num domingo, eu saí de casa bem arrumadinha para ir ao cinema.Dei dois passos na calçada, e... splash! Levei um jorro de água na cabeça! Sabem de onde veio?
Olhei para cima, ainda em tempo de ver Carlos com um balde nas mãos...
Beatriz Cruz
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