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Artigos-->PENSAR, NÃO PENSAR - EIS A QUESTÃO -- 01/02/2004 - 22:34 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PENSAR, NÃO PENSAR – EIS A QUESTÃO



Francisco Miguel de Moura*





Qual o sentimento que nos acerca quando alguém que lemos tem a mesma idéia, o mesmo pensamento que a gente já teve?

Em entrevista do cineasta canadense Denys Arcand, revista VEJA de 4-2-2004, relativamente a situações e sentimentos que devem transparecer nos seus filmes, especialmente “O Declínio do Império Americano” e no recente “As Invasões Bárbaras” – encontro o que já havia pensado antes e acho que até escrito nalguma folha de jornal.

Como todos os impérios, o Americano um dia vai ruir. Aliás, já está ruindo, pois nada de grande do que prega em palavras pôde (ou quis) colocar em ação, talvez por falta de crença, talvez por menosprezo às crenças e ao pensamento. Já o socialismo – o cineasta em questão é socialista e cristão – tinha doutrina formidável, idéias maravilhosas, mas demonstrou-se incapaz de pô-las em prática. Noutras palavras, foi o que mais me interessou na entrevista de Denys Arcand. Mas acrescentava: Vamos entrar para uma nova Idade Média, com o esfacelamento do mundo que conhecemos, com o desaparecimento do homem que tinha fé em Deus, e vida alicerçada na religião cristã e nas idéias de justiça e solidariedade com o ser humano.

Agora vou citá-lo, textualmente, para comprovação do que expomos, com relação ao seu último filme e os dois personagens principais: ––“As pessoas não lerão mais – e por isto o personagem Sébastien, o filho de Remy, nunca abriu um livro na vida e não sabe o que é uma ideologia. Na verdade Sébastien não sabe nem o que é uma idéia, e não se importa com isso. O que não significa que ele não seja um ser humano decente, que cuida de seu pai e procura amenizar o seu sofrimento. Mas os dois são animais de espécies diferentes.”

É assim, muitos acreditam como nós. Estamos entrando nessa nova era, um tipo de homem lutando contra outro – os que pensam contra os que não pensam; os que apenas vêem contra os que acreditam mais no que ouvem, sendo que o segundo elemento do par-contradição cada vez fica mais raro, é espécie em extinção como se diz.

Acabou-se a religião. Acabaram-se as artes: pintura, escultura, música, literatura, teatro, cinema; restarão os “shows” de tevê, incaracterísticos como todos os produtos da mídia, a maioria apenas para cegar e ensurdecer.

Quando encontro opiniões que batem com a minha sinto-as com alegria, sinto que um irmão está do outro lado. Mas também sinto prazer se discordem de mim. Significa que há alguém do meu lado que é verdadeiro e original, que trabalha com o espírito.

Pensar igual, pensar diferente – duas atitudes de homem de uma época que está morrendo. Nessa ditadura da mídia, tenho medo, muito medo de que o bom senso desapareça e, amanhã, o mundo possa ficar pior do que está. Pensar é importante. Não pensar, não sei não! É uma questão séria.



______________________________

*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da APL e do Conselho Estadual de Cultura.

PENSAR, NÃO PENSAR – EIS A QUESTÃO



Francisco Miguel de Moura*





Qual o sentimento que nos acerca quando alguém que lemos tem a mesma idéia, o mesmo pensamento que a gente já teve?

Em entrevista do cineasta canadense Denys Arcand, revista VEJA de 4-2-2004, relativamente a situações e sentimentos que devem transparecer nos seus filmes, especialmente “O Declínio do Império Americano” e no recente “As Invasões Bárbaras” – encontro o que já havia pensado antes e acho que até escrito nalguma folha de jornal.

Como todos os impérios, o Americano um dia vai ruir. Aliás, já está ruindo, pois nada de grande do que prega em palavras pôde (ou quis) colocar em ação, talvez por falta de crença, talvez por menosprezo às crenças e ao pensamento. Já o socialismo – o cineasta em questão é socialista e cristão – tinha doutrina formidável, idéias maravilhosas, mas demonstrou-se incapaz de pô-las em prática. Noutras palavras, foi o que mais me interessou na entrevista de Denys Arcand. Mas acrescentava: Vamos entrar para uma nova Idade Média, com o esfacelamento do mundo que conhecemos, com o desaparecimento do homem que tinha fé em Deus, e vida alicerçada na religião cristã e nas idéias de justiça e solidariedade com o ser humano.

Agora vou citá-lo, textualmente, para comprovação do que expomos, com relação ao seu último filme e os dois personagens principais: ––“As pessoas não lerão mais – e por isto o personagem Sébastien, o filho de Remy, nunca abriu um livro na vida e não sabe o que é uma ideologia. Na verdade Sébastien não sabe nem o que é uma idéia, e não se importa com isso. O que não significa que ele não seja um ser humano decente, que cuida de seu pai e procura amenizar o seu sofrimento. Mas os dois são animais de espécies diferentes.”

É assim, muitos acreditam como nós. Estamos entrando nessa nova era, um tipo de homem lutando contra outro – os que pensam contra os que não pensam; os que apenas vêem contra os que acreditam mais no que ouvem, sendo que o segundo elemento do par-contradição cada vez fica mais raro, é espécie em extinção como se diz.

Acabou-se a religião. Acabaram-se as artes: pintura, escultura, música, literatura, teatro, cinema; restarão os “shows” de tevê, incaracterísticos como todos os produtos da mídia, a maioria apenas para cegar e ensurdecer.

Quando encontro opiniões que batem com a minha sinto-as com alegria, sinto que um irmão está do outro lado. Mas também sinto prazer se discordem de mim. Significa que há alguém do meu lado que é verdadeiro e original, que trabalha com o espírito.

Pensar igual, pensar diferente – duas atitudes de homem de uma época que está morrendo. Nessa ditadura da mídia, tenho medo, muito medo de que o bom senso desapareça e, amanhã, o mundo possa ficar pior do que está. Pensar é importante. Não pensar, não sei não! É uma questão séria.



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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da APL e do Conselho Estadual de Cultura.

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