O jogo, todos os jogos, são imitações da vida, simulam ludicamente o que de fato nos acontece. E o seu universo, variado, complexo e cheio de regras criam um atmosfera que nos prende a atenção de forma passional, extremamente passional. São temporadas, palcos, equipamentos , mesas, baralhos, dados, roletas, bolas, uniformes, redes, tacos, chuteiras, tatames, etc. que nos envolvem apaixonadamente nos fazendo esquecer das * “coisas ruins da vida”.
Um jogo, quando somos participantes, podemos vencer ou perder num lance de sorte, mas isso não nos afeta na realidade, no máximo nos deixa tristes ou alegres por breves instantes. Como torcedores, sem fanatismos, a mesma coisa, os jogos comprem sua função de nos divertir, de nos distrair das contingências que todos nós temos.
O futebol, nosso circo do Panis et circenses, é uma projeção do nosso país onde colocamos todas nossas frustrações e decepções e onde também depositamos nossas esperanças. A beleza, a graça desse esporte é que nele as ridículas restrições aristocráticas e burguesas que enfrentamos todos os dias como nome de família, cor da pele e "aparência” são literalmente dribladas. A bola corre mais que nós homens e mulheres.
Assim, os jogos ou o futebol, são um dilema entre a alienação e o entretenimento, mas servem a sua maneira , para aliviar a parte chata da vida que são os problemas.
*Coisas ruins da vida: Na sua, na minha vida, as coisas ruins da vida são as doenças, a falta de respeito, as injustiças, os dentistas queimados por crueldade de assassinos, a saúde pública tratada com indiferença, os buracos nas ruas, a corrupção ativa e passiva, os acidentes, os desentendimentos, enfim toda sorte(má sorte) de infortúnios que passamos enquanto estamos vivos.
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