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Artigos-->10. TOBIAS -- 27/08/2001 - 08:02 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
10. TOBIAS

Era jovenzinho quando se iniciou nos vícios. Menino mimado, não soube aproveitar a facilidade econômica da família, julgando-se apto ao descortino próprio das premissas vitais mais importantes, longe, evidentemente, de ouvir os preceptores escolares. Aos doze anos, começou a fumar maconha e terminou, aos dezoito, sendo transferido para o plano da espiritualidade, para esta instituição trazido pelas bondosas mãos de avoengo dedicado às benfeitorias aos desavisados.



Para quem não entendeu nada do acima exposto, vou reproduzir doutro jeito o palavrório inconsistente.



O carinha pegou firme no fumo aos doze. ‘Tava amparado pelo money dos pais mas não se ligou nas responsabilidades. Aos dezoito, capotou, juntou as botas e veio parar deste lado, seguro pela gola por um sujeito que tinha sido parente distante e que fazia a existência dando de bonzinho no arrimo dos inconseqüentes.



Não sei se melhorei os dizeres mas obriguei, ao menos, o médium a se perfilar perante a minha vontade. Brincadeirinha! Estou desejoso de demonstrar várias coisas:



1. Qualquer que seja a forma de que se utilize o mensageiro, o resultado tem de ser sempre o mesmo: o entendimento dos pensamentos, dentro de certa vibração emocional, porque ninguém é só intelecto nem só sentimento.



2. Cabe ao leitor averiguar qual o sentido de cada expressão, para aplicar em cima dos próprios conhecimentos, não para descobrir falhas na comunicação, mas para conhecer como pode adaptar as informações que se constituam novidades.



3. A descoberta das próprias mazelas, refletidas no procedimento do Tobias, para dar um exemplo, não pode ser menosprezada, menoscabada, posta de lado, jogada no lixo, porque vai tornando-se sem efeito, à medida que a impossibilidade de cura dos processos de domínio pelas drogas esteja instalada e se imponha soberana contra os cada vez mais fugidios desejos de restabelecimento.



4. Vencer a inócua curiosidade do que se passou com os outros não é realização de pequena monta. Contudo, é saudável sempre, após uma prece em prol do declarante, gerar um roteiro de análise das ânsias e ganâncias da vida, para conhecer (o que já é deveras difícil) como é que se dá a relação de causa e efeito no campo das deliberações íntimas.



5. Tobias está sendo descrito como riquinho, filhinho de papai, entretanto, contraditoriamente, não teve assistência científica, médica, clínica, seja o que for, para impedi-lo de se jogar na lama dos projetos sem volta (ou melhor, com volta, sim, mas para o etéreo). Se não for esse o seu caso, não ponha reparo na incongruência da narrativa, ainda que não se lembre de ninguém que tenha passado por isso. Jogue todas as fichas na teoria de que foi um ato de vontade sem base na realidade orgânica, desde que o arcabouço corpóreo se destina, de maneira quase absoluta, à reprodução, o que significa: aos atos de responsabilidade quanto a outros seres igualmente necessitados da encarnação, para subirem na escala dos valores espirituais.



6. Se da meditação resultar a conclusão de que tudo, para os encarnados, é só miséria, de que não vale a pena deixar herdeiros da dor, do sofrimento, dentro da perspectiva das causas perdidas, então o melhor a fazer é procurar um analista desses que cobram por hora de divã, porque, seguramente, o gajo estará com problemas sérios, deveras, já que é fundamental que a vida dê prazer, que a vida proporcione alegria, que a vida fundamente realizações visantes aos momentos de ventura e felicidade, dentre os quais um dos mais importantes é o do nascimento dos filhos, gozo que deverá perpetuar-se durante o desenvolvimento deles em todos os setores mentais e corpóreos.



7. Os amigos estão assoprando-me que corro o risco de ofender quem esteja impossibilitado de procriar, por razões as mais ponderáveis. Vou descartar a miséria, porque são os mais pobres que mais se divertem (desculpem-me) com a companhia dos rebentos. Dessa forma, restam-me as causas psicológicas ou físicas. Estas são taxativas, ou seja, num colo de útero arruinado, não há como situar o feto. Assim, posso compreender a situação e rogar aos leitores que não se desesperem nem suspeitem de que estejam sendo castigados. Na verdade, é uma circunstância dolorosa e constrangedora, mas para a qual não se deve acreditar que a envolvida tenha contribuído. Essas histórias de que está pagando crimes de outra vida, de que tenha praticado abortos noutra existência carnal e de outras suspeitas desse naipe, devem ser abolidas do campo emocional, dado ser impossível pesquisar a respeito. Nesse caso, o importante é pensar que existem fórmulas capazes de superar tal estresse e não seremos nós quem irá fornecê-las, tão fáceis são de encontrar-se aí mesmo, na área médica ou jurídica. Sobraram os casos daqueles que têm restrições psíquicas, tão ponderáveis e, provavelmente, tão justificadas quanto as físicas, desembocando, apenas, noutro afluente do mesmo rio. Para essas pessoas, porém, não temos conselhos nem sugestões, porque o leque dos problemas se abre em trezentos e sessenta graus, podendo ter origem nos mais insuspeitados setores psicológicos, psíquicos, metapsíquicos ou, como diriam os kardecistas, espíritas. O que precisamos ressaltar é que nenhum caso justifica a alienação da realidade através do consumo de drogas.



8. Referendei a prudência dos companheiros, mas o item acima ficou pesado e incoerente, muito próximo do que qualquer pessoa poderia escrever ou expor. Se acharem que eu não precisaria ter vindo por tão pouco, escrevam. Eu assino embaixo. No entanto, não se admite que a gente se sinta envolvido em ânsias de dar auxílio e não tenha meios de fazê-lo, mesmo que de maneira elementar. Fazer valer apenas a experiência do crime e do castigo é que não nos parece a melhor maneira de chegar ao domínio da vontade dos leitores para ali instalar, precariamente embora, a necessidade de combater os maus hábitos, os vícios e as doenças (e os crimes adjacentes). Com todo o respeito, sim, mas de modo incisivo e claro, devemos chegar ao âmago da questão, exortando as virtudes, através da moralidade evangélica, demonstrando que existem alegrias outras mais consistentes do que os prazeres sensuais que se deterioram e se transformam em loucura.



9. Peço perdão por ter citado o exemplo do amigo Tobias. Era necessário para o preâmbulo. Agora, próximo do epílogo, devo dizer que o coitadinho está assustado com a perspectiva de que o sofrimento nas trevas tenha sido absolutamente ineficaz para o crescimento espiritual. Esse é o meditar mais costumeiro, quando nos deparamos com o marcar passo inconsistente. Aspiram todos os seres pela aprovação dos mais adiantados, quanto aos procedimentos na ordem dos benéficos; desandam emotivamente quando o que mais vêem é censura e reprovação, apesar de serem tratados com muito tato, com muito carinho, com muito afeto e até com amor. Não obstante, se não reagem positivamente, se não crescem, se apenas querem fazer valer o desejo da desforra, se somente querem ver sofrer algum adversário, se não se apegam a nenhum valor que dê prioridade ao semelhante em confronto com o próprio ego, acabam por não entender os roteiros dos portadores das noções do evangelho de Jesus e vão distanciando-se das pessoas para quem desejariam representar algo bom (porque não me digam que exista quem apenas pratique o mal e não tenha ninguém com quem gostaria de conviver, de conversar, de quem gostaria de merecer apoio e carinho). Vejo que existem exemplos de monstruosidades de procedimento, criminosos que não se arrependem e que se assanham pela prática de novos atos nefandos para a estabilidade individual ou social do próximo. Mas não se esqueçam que me situo a cavaleiro da situação, observando o desempenho desses irmãos não apenas no plano material mas também no espiritual, onde a verdade sempre se impõe. Para muitos, a compreensão destas simples anotações deverá demorar séculos. Para os que estão acompanhando-me neste texto, a situação é bem diferente, porque aqueles irmãos infelizes jamais irão deparar-se com estas mensagens, analfabetos que são, não quanto às letras, embora nesta área a incidência de miséria seja significativa, mas quanto aos sentimentos e aos raciocínios, porque lhes falta a base, o elemento primordial para que a personalidade se ajuste: o equilíbrio entre o querer e o poder.



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