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Cartas-->Correção necessária -- 25/03/2013 - 16:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A múmia, a crítica e a revolução

 Demétrio Magnoli (*)

 Segundo assessores, Lula e Dilma Rousseff interpretaram a decisão de embalsamar o cadáver de Hugo Chávez como, essencialmente, uma estratégia eleitoral. Eles olham para outro lado, evitando confrontar a incômoda realidade que, cedo ou tarde, assombrará o Brasil. A múmia em Caracas é o indício inconfundível de uma regressão histórica da esquerda latino-americana e, além disso, um sinal agourento de que os sucessores do caudilho não pouparão a Venezuela do trauma da implantação de uma "ditadura bolivariana".

A mumificação deliberada expressa uma exaltação do desejo de permanência. No antigo Egito, o corpo do morto devia ser embalsamado para que ele vivesse eternamente, a fim de conhecer Osíris, a divindade da vida após a morte. Na política laica contemporânea, a prática tem um sentido radicalmente diferente, pois não se destina a promover um interesse do morto, mas a exercer influência sobre os vivos. O morto deve ser eternizado a fim de aprisionar o presente na jaula do passado, impedindo que a vida siga adiante.

"O corpo do presidente Chávez será embalsamado como Lenin e Mao", anunciou Nicolás Maduro, o sucessor designado. Nada indica que Vladimir Lenin desejasse ser convertido em múmia e Mao Tsé-tung deixou assinada uma ordem para sua cremação. Os dois líderes revolucionários consagraram-se ao empreendimento intelectual de embalsamar o pensamento de Karl Marx, mas, justamente por isso, rejeitavam a ideia de que, um dia, eles mesmos viessem a ser circundados pelo halo do sagrado. Ao contrariar a vontade derradeira dos líderes mortos, enquanto juravam fidelidade imorredoura a seus ensinamentos, os sucessores inseguros almejavam congelar a vida política, perenizando-se no poder.

Crítica da economia política é o subtítulo de O capital. A palavra "crítica" permeia os textos de Marx. O suposto inspirador dos líderes mumificados no Kremlin e na Praça da Paz Celestial inscreve-se na linhagem do pensamento iluminista: a "crítica", em Marx, é um movimento racional de recepção, interpretação e superação da tradição intelectual. O estabelecimento de uma "verdade marxista" e sua calcificação como doutrina oficial representam a negação do núcleo do pensamento "marxista". O mausoléu de Lenin, uma construção em granito reminiscente da tumba do imperador Ciro II, e o de Mao, com sua fachada em colunas neoclássicas, são símbolos apropriados de regimes bárbaros, apoiados sobre a bengala da violência política sem freios e devotados à supressão extensiva da crítica.

Marx não foi, contudo, exclusivamente um pensador. Existe um outro Marx, o doutrinário comunista, cujas ideias podem funcionar como fonte de legitimação da barbárie totalitária. "Os filósofos se limitaram até hoje a interpretar o mundo; cabe transformá-lo" - a última das Teses sobre Feuerbach proclama, no fim das contas, que a revolução social é o critério definitivo a respeito da verdade.  A frase célebre foi eternizada na parede de mármore do saguão da Universidade Humboldt, em Berlim, pelos dirigentes da antiga Alemanha Oriental. Eles estavam dizendo que o poder estatal comunista era a culminância da filosofia, a estação final do pensamento humano. A reverência absoluta diante da verdade oficial: eis a exigência simbolizada na mumificação de Lenin, Mao e, agora, Chávez.

Nas democracias, por definição, os estadistas são pessoas comuns, sujeitas ao acerto e ao erro, cuja legitimidade deriva de uma vontade popular circunstancial.  Na Venezuela, o culto a Chávez atinge um paroxismo, expresso no novo qualificativo que começou a circular durante o velório: no lugar do "Comandante", surge o "Líder Supremo da Revolução Bolivariana".  A Venezuela já não é uma democracia, mas ainda não se fechou atrás da muralha de uma ditadura.  A iniciativa de embalsamar o líder morto constitui um passo simbólico de largas proporções no rumo ditatorial.  Por meio dela se materializa na forma de uma múmia a declaração recorrente dos chefes chavistas, que identificam a nação à sua própria corrente política.  Chávez não é Chávez, mas Simón Bolívar, ou seja, a nação inteira: isso é o que, de fato, dizem os herdeiros mumificadores.

Em Cuba, o culto a Fidel Castro realiza-se indiretamente, pelos cultos oficiais paralelos a José Martí e Che Guevara.  "Ser como o Che", ensina-se aos cubanos desde os bancos escolares, significa curvar-se à verdade do Partido.  Na Venezuela, como sinal eloquente de que não há uma novidade genuína no "socialismo do século 21", a exigência de "ser como Chávez" já faz parte da linguagem política utilizada pelos herdeiros do caudilho.  Esse tipo de linguagem, porém, não pode prosperar no ambiente da democracia, que é o da crítica e da dissensão: a múmia de Chávez e as liberdades públicas são termos alternativos na equação do futuro venezuelano.

A esquerda europeia aprendeu o valor da liberdade numa longa trajetória pontuada pela Revolução Russa, pelo stalinismo, pelas invasões soviéticas da Hungria e da Checoslováquia e pelas revoluções democráticas de 1989.  A esquerda latino-americana não viveu tais experiências definidoras, apenas ouviu seus ecos distantes.  De certo modo, a Revolução Cubana e o mito de Che Guevara forneceram-lhe uma casamata ideológica, isolando-a da crise histórica e moral que lançou uma luz esclarecedora sobre as múmias de Lenin e Mao.  Tomada no interior dessa casamata, a decisão de embalsamar o corpo de Chávez entrelaça a sorte da esquerda autoritária na América Latina à de um regime bolivariano em declínio, que só pode oferecer a sombria perspectiva de uma ditadura terceiro-mundista.

Antes de significar um salto ousado rumo ao futuro, revolução designava apenas o movimento cíclico de eterno retorno dos astros. A mumificação dos "líderes supremos" restaura o significado original da palavra, anulando as suas associações com a crítica, a ruptura e a renovação.

 * Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP.  E-mail: demetrio.magnoli@uol.com.br.

Estado de São Paulo – 14/MAR/13 -

 

Obs.: Aos leitores que recebem automaticamente os textos postados por mim em Usina de Letras, e que não conseguem abrir os links da relação de títulos, sugiro que acessem o endereço abaixo - http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=FSFVIGHM (F. Maier).

 

Leia os textos de Félix Maier acessando o blog e sites abaixo:

PIRACEMA - Nadando contra a corrente

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Para conhecer a história do terrorismo esquerdista no Brasil, acesse:

Wikipédia do Terrorismo no Brasil

 

TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA NO BRASIL:

Por Reinaldo Azevedo - Blog da revista Veja

TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA 1

TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA 2
TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA 3

TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA 4

 

Para conhecer o terrorismo biológico de petistas contra plantações de cacau no Sul da Bahia clique em

http://veja.abril.com.br/210606/p_060.html

 

Leia sobre o Movimento Militar de 31 de Março de 1964: O Cruzeiro - 10 de abril de 1964 - Edição extra

Leia sobre os antecedentes do Movimento de 1964 em Guerrilha comunista no Brasil e Apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro

Leia Julgamentos da Contrarrevolução de 1964 – Rachel de Queiroz, Roberto Marinho, Editorial do JB e Luiz Inácio Lula da Silva

Faça o download do ORVIL – Tentativas de Tomada do Poder: http://www.averdadesufocada.com/images/orvil/orvil_completo.pdf

(já disponível em livro - http://www.editoraschoba.com.br/detalhe-livro.php?id=281)

 

Ainda:

 

A nação que se salvou a si mesma

Artigo especial escaneado da Revista Reader's Digest de Novembro de 1964

Clarence W. Hall - Redator do The Reader's Digest

http://www.club33.com.br/v3/us/arquivos/A%20Na%C3%A7%C3%A3o%20Que%20Se%20Salvou%20a%20Si%20Mesma.pdf

 

Os discursos de celebração da Revolução de 1964

Artigo de Lucileide Costa Cardoso (2011)

http://www.scielo.br/pdf/rbh/v31n62/a08v31n62.pdf

 

A nação que se salvou a si mesma

Entre Memória e História, a Campanha da Mulher pela Democracia (1962-1974)

Dissertação de Janaina Martins Cordeiro (2008)

http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/6/TDE-2009-03-16T130859Z-1881/Publico/Dissert-2008_CORDEIRO_Janaina_Martins-S.pdf

 

"Quando todas as armas forem propriedade do governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades" (Benjamin Franklin).

 

 

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