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Artigos-->Desabafo -- 22/01/2004 - 16:21 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Antes que eu completasse dois anos de idade, um grupo de golpistas resolveu jogar para o espaço a liberdade de expressão e tudo o mais, o que fez com que me educassem sob uma realidade em que era lícito reprimir a opinião alheia. Na vertente dramática, a imprensa silenciou sobre as atrocidades que o regime imposto cometia. No viés cômico, nunca me esquecerei das patéticas bolinhas que tentaram acompanhar os pêlos pubianos exibidos na cena mais dramática do filme “Laranja Mecânica”, de Kubrick, transformando o estupro que justifica boa parte da trama em um pastiche completo.



Desde então, o país passou por um presidente cujo maior mérito residiu em passar para a história como um vaqueiro incapaz de laçar um mísero boi no pasto; resistiu a outro que tiraram do posto pouco antes de terminada uma espantosa pilhagem; suportou um terceiro mais lembrado por ter ressuscitado um carro pré-histórico e por ter implantado um plano econômico fajuto do que por ter algum dia governado o país; sobreviveu ao antecessor do atual estelionatário eleitoral por força dos cínicos esforços do partido que depois venceria as eleições presidenciais, com base na promessa de não cometer nenhum dos desatinos que caracterizam suas “realizações” no campo político, social e econômico. Em todo esse longo período, muita coisa mudou para melhor ou para pior, mas a liberdade de expressão continua submersa em alguma prateleira esquecida.



Ah, sim, haverá o coro dos contentes afirmando que estou sendo ingrato e maluco, afinal uma pessoa como a minha não teria muita chance de escapar do pau de arara e dos banhos de energia elétrica se repetisse minhas falações públicas nos tempos do golpe de 1964. Concedo que estou sendo um pouco exagerado, mas é óbvio que não evoluímos muito em termos de discutir às claras o que se passa no nosso Parlamento. Sem nenhuma crise de hedonismo, seria justo esperar que as graves ponderações que teci acerca da reforma previdenciária fossem minimante levadas em conta no debate sobre o tema, senão para enaltecer quem as fazia, que não mereço mesmo nenhuma honraria, pelo menos para que não pairasse no ar essa sensação de que todos estavam sendo conduzidos à degola como pacíficas cabeças de gado a caminho do abatedouro.



O estranho é justamente isso. Causaria espanto que os detentores do poder estimulassem um debate em terreno desfavorável, expondo a fragilidade de seus argumentos. A carga do governo e de seus acólitos para evitar que a população saiba a quantidade de interesses escusos que conduziram e justificaram a recente mudança constitucional é natural. A passividade da população como um todo, teoricamente a mais interessada no tema e a mais prejudicada pelos rumos que tomaram os acontecimentos. é que assusta. A mídia, ainda que amedrontada ou “convencida” pelo governo acerca da necessidade de ignorar o assunto, não atingiria esse objetivo se a grande maioria dos que me ouviram ou leram não estivesse propensa a permanecer surda ou cega aos meus argumentos.



A usina de letras, para a qual infelizmente não consigo mais contribuir com tanta freqüência como há tempos fazia, é uma grande demonstração do espírito que conduz a reação de todos. Apesar de algo vagamente orientado nesse sentido em uma certa oportunidade, que durou muito pouco e não teve conseqüência de ordem alguma, não posso me queixar de estar sendo censurado pelos administradores da página. Não sendo assinante, pelas razões que esclareço em outro artigo, não me estimulam nem me dão acesso a que o leitor curioso ache meus textos – isso só é possível para quem dispõe de assinatura –, mas também não me ocultam em páginas inacessíveis. Quem consultar o famoso “google” e entrar com as palavras-chave “magno”, “mello”, “usina” e “letras” pode acessar de imediato todos os meus textos, inclusive aqueles que contêm explicações não muito convencionais acerca da reforma previdenciária.



Apesar do cabeludismo que alguns enxergam no que afirmo, registram-se pouquíssimos acessos a esses textos. O menos desprezado deles, denominado "Discurso Proibido”, contava, na última vez (muito recente) em que acompanhei as estatísticas, com 144 leituras, o que não significa nada, diante do fato de que o assunto interessa diretamente a cento e setenta milhões de indivíduos. De toda sorte, o número permite tornar plausível a impressão de que alguns aqui no site conhecem esse texto e mesmo assim solenemente ignoram as advertências nele contidas.



Dou de ombros com implicâncias sem motivo. Milene Arder, pessoa que considero muito e a quem tive oportunidade de advertir pessoalmente sobre a importância das revelações que venho fazendo, desdenhou-me e a meu texto, referindo-se ao segundo como “mais uma dessas enfadonhas denúncias de corrupção, que não entendi direito”, se é que traduzi com fidelidade sua opinião sobre o discurso, mas depois se revelou amiga eletronicamente íntima do tal de Lumonê, cujo petismo fanático e desprovido de capacidade crítica (parecido com a estúpida simpatia que eu antes tinha pelo partido) o impede de pelo menos levar em conta minhas considerações sobre o tema. Suponho que Lumonê tenha convencido Milene, como fazem alguns dos meus antigos “companheiros”, de que sou um tucano disfarçado, logo eu, que desperdicei mais de meia dúzia de votos no atual presidente.



Também não contaria com alusões simpáticas provenientes do prolixo Domingos, com quem tive um áspero entrevero logo que o enfadonho amigo começou a publicar suas catilinárias cá na usina. Mas esse aí é a maior prova de tudo. Poderia lembrar aos seus leitores, sem mencionar meu nome, que não quero crédito nem notoriedade, satisfazendo-me se dão atenção ao que digo, o verdadeiro motivo da reforma previdenciária, isto é, a criação de descomunais fundos de pensão, sorvedouros descarados do dinheiro e do interesse públicos. Poderia. Mas não o faz. Quem tiver curiosidade de ler alguns dos mil e duzentos textos que Domingos escreveu sobre a reforma previdenciária, há de ficar muito chateado com a carga que se fez contra os servidores públicos, mas não terá o privilégio de descobrir porque esse acinte ocorreu, e a mando de quem foi feito.



Longe de mim criticar a uns e a outros, mesmo o tal Lumonê, que mais me parece um bobo alegre de uma corte sanguinária, mas é que tudo que se faz nesta página reforça o que sustentei de início. Censuraram-se, os brasileiros, mais do que me tolheram ou me caçaram meus algozes por afirmar o que afirmo, e tenho uma explicação melhor do que a simples constatação da inexistência de um clima de debate aberto, aqui já feita, e que ratifico. A verdade é que a massa, entre uma verdade sombria e a rósea mentira, prefere aderir a esta última.



Meu discurso afinal efetivamente proibido, não lido nem por senadores, nem por deputados, aos quais foi reiteradamente oferecido, não peca por ser mais uma enjoada denúncia de corrupção, como apressadamente julgou a minha dileta Milene. Rejeitam-no, os que deveriam ler e divulgar amplamente o que nele se afirma, porque permanecemos eternamente um povo idiota, ainda à espera do dia em que pacificamente, todas as demais nações extintas, dominaremos o mundo. O choque de verdade contido em tudo que venho denunciando faz de todos nós poeiras cósmicas submetidas a uma farsa insana e entregues a um futuro sem futuro, um cenário sem dúvida desgraçado, do qual eu mesmo fugiria, se não houvesse me entupido com tantas certezas de sua existência.



Como diria meu eterno guru, uma pessoa que não sei o que veio fazer neste mundo, que certamente não o merecia, enquanto uns tomam éter e outros cocaína, o brasileiro se dopa no mundo limpo e inocente da alegria. Infelizmente, daqui a poucos dias será carnaval e por aqui me condenaram a passar o resto da minha existência e a criar meus filhos.

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