Quando abria minha janela era como se eu estivesse abrindo meus olhos pro mundo. E só então meu dia começava depois de puxar as cortinas, abrir a janela e vislumbrar a cidade acordando. Eu seguia na minha rotina como se tivesse que além de cumprir horários também tivesse que cumprir um script. Mas tudo bem, o mundo e eu estávamos lá, cada coisa em seu lugar cumprindo nossos destinos.
Nesse tempo que minha janela dava para a cidade, aquela vista era só uma paisagem estática. Na verdade aquela paisagem nunca mudava, quem se modificava era eu, que passei a ver além do que aquele cenário possuía. Passei a ver que além das ruas e das pessoas caminhando também podia ver as nuvens no céu dizendo que vão chover. Pude ver além dos carros e das calçadas, a luz clara das manhãs de verão que no seu silencio luminoso me desvendava meus próprios pensamentos.