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Cartas-->Redoma de vidro -- 15/02/2013 - 17:18 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como é frágil o coração humano —
espelhado poço de pensamentos.
Tão profundo e trêmulo instrumento
de vidro, que canta
ou chora. (Sylvia Plath)

Não deve ser fácil ser casada com um poeta, minha esposa é uma santa, somos ao mesmo tempo enigmáticos e confessionais demais, porém com o tempo talvez nossos pares nos compreendam pela profundidade magnética vibracional e cósmica de nossas palavras e versos.

Sylvia Plath mostra em seus poemas o quão frágil são esses nossos corações sensíveis que precisariam de uma redoma de vidro, que é uma espécie de campânula de vidro usada para proteger objetos delicados, para que estes jamais se quebrem. A poetisa tinha um talento colossal com as palavras, porém devido a tantos infortúnios, o esquecimento para ela era uma parte essencial da sua sobrevivência. Para os poetas o poema é mesmo um meio de sobrevivência, como válvula de escape ou cápsula protetora. Porém Sylvia cometeu suicídio aos trinta e um anos de idade. Nem mesmo sua poesia foi capaz de salvá-la da depressão, nesse dia a redoma de vidro quebrou-se e seu coração foi atingido mortalmente.

O caminho da poesia é atípico, irregular e escarpado. E para trilhá-lo, ninguém por mais talento que tenha está protegido ou preparado, para suas armadilhas e para seus abismos. Desde muito cedo nos descobrimos diferentes, como se fossemos peças redondas que tem que se encaixar em buracos quadrados. E diante desse desajuste muitos de nós sucumbem, somos tentados a nos deixar morrer presos na armadilha ou a mergulhar vertiginosamente no abismo.

Não tem jeito, á medida que amadurecemos aprendemos de forma definitiva que o sofrimento é parte indissociável da vida e se sobrevivemos a essas crises passando pelas turbulências, e finalmente nos vemos voando acima das nuvens de tempestade, passamos a converter todos os significados em arte. Nesse novo estado da nossa matéria, enquanto existimos como poetas, um campo gravitacional se forma em torno de nós. E cada dia será como uma molécula, e cada hora será como um átomo, e cada palavra será como uma partícula desses nossos quânticos momentos inspiradores que por sua leveza e sutileza acabam salvando nossas vidas.

P.S.: Sylvia Plath nasceu em Boston, Massachusetts, em 27 de outubro de 1932.Perdeu o pai as oito anos de idade. Essa morte deixou, nela, cicatrizes psicológicas profundas, principalmente devido ao fato de que Sylvia, com certeza, tinha a propensão para o desenvolvimento de estados de depressão. A poesia de Sylvia Plath é enigmática, ao mesmo tempo expõe e guarda a cabeça dentro do casco. Suas metáforas são domésticas. A vida de uma mãe que banha as crianças, faz bolos e conversa com plantas se misturam com um ser febril genial. Elas não servem apenas para aproximar o conceito da imagem, mas as imagens, captadas nas emoções cotidianas, são o próprio conceito. Diferente de muitos, ela não conseguia elencar um tema aleatoriamente e discorrer sobre ele, como fazia o seu marido, o consagrado poeta inglês Ted Hughes. A inspiração de Sylvia vinha numa machadada, ao se olhar no espelho, lembrando as abelhas do pai, contemplando uma árvore morta ou viva – Sylvia morria e revivia todos os dias, havia uma luta constante pela sobrevivência, ocasionada pelas fortes crises de depressão.
Por isso se suicidou na madrugada de 11 de fevereiro de 1963, quando prepara o pão e o leite das crianças, as agasalha, olha como quem olha pra sempre, as beija e veda a porta do quarto. Vai até a cozinha, sem tristeza, limpa a mesa, a pia, abre o forno e deita a cabeça dentro sobre uma rodilha. Ela resolve, depois de várias tentativas, abraçar a morte, sua eterna amante. O pequeno Nicholas, 46 anos depois, comete o mesmo erro da mãe no Alasca, onde vivia.
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