Quem escreve assume outras identidades, como se fossem lembranças ou decifrações de vidas presentes, passadas e futuras, e essa multiplicidade é como diria Ana Cristina Cesar*, a gente sempre acha que é Fernando Pessoa, e eu digo que no máximo hoje em dia o que a gente atinge escrevendo assim é ser gente boa, o que já é muito nesse mundo repleto de sujeitos medíocres.
* Ana Cristina Cesar, ou Ana C., como era conhecida, nasceu em 1952 no Rio de Janeiro. Após 1968, passou um ano em Londres, fez algumas viagens pelos arredores e, na volta, deu aulas, traduziu, fez letras, escreveu para revistas e jornais alternativos. Dez anos depois voltou à Inglaterra, graduou-se em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou "Luvas de Pelica".
Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983 pulando do abismo no oitavo andar de um edifício da rua Tonelero, em Copacabana.Tinha 31 anos. |
