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Artigos-->A Propósito do "Critério da Prática" -- 19/01/2004 - 22:23 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A Propósito do “Critério da Prática”

(Artigo do amigo Carlos Luiz de Jesus Pompe)

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





As palavras, na boca (ou na ponta do lápis) de quem sabe utilizá-las, podem tanto dizer sim, como não, com a mesma força de convencimento. Assim acontece com o nosso amigo Carlos Pompe. É preciso atenção para não cair em tentação de confundir o essencial: não se pode deduzir comparações realizadas entre duas realidades distintas: a realidade material e a divina. São realidades com atributos diferentes. Não se confundem. Não se aproveitam os argumentos sob a mesma lógica. A lógica do existencial. Do ver para crer.



Por isso, em que pese o brilho do artigo acima referenciado, sua conclusão (ou indução) é enganosa. E, portanto, falsa.



O curandeiro nigeriano Ashi Terfa, ao contrário do que pretendeu sugerir o nobre colega Carlos Pompe, não morreu “porque acreditou que seu colar realmente o deixaria imune aos tiros que seriam disparados contra seu corpo”. Ele morreu por ignorância. “Um caminho de fé é um caminho de sacrifício. A vocação cristã não nos tira do nosso lugar, mas exige que abandonemos tudo o que estorva o querer de Deus. A luz que se acende é apenas o princípio; temos que segui-la, se desejamos que essa claridade se torne estrela, e depois o sol”. ?(J. Escrivã, ºc. n.34).



Tal qual a fé dos Reis Magos, quando resolveram ir ao encontro do menino Jesus. Vencer os preconceitos, a soberba, o comodismo e o apego aos bens materiais. Faltou, no caso, ao nigeriano, a virtude da simplicidade. Simplicidade que exige transparência e retidão de intenção. Faltou-lhe humildade. A simplicidade que Jesus nos ensinou – que não se confunde com ingenuidade. Tanto o curandeiro, como o que disparou os tiros, não sabiam nada acerca da verdadeira fé. Agiram por impulsos interesseiros. Um, na tentativa extrema de provar o poder que julgava ter. Outro, para garantir que a sua aquisição poderia ser melhor do que aparentava; por isso, desprezou as leis do bom senso e da razão. Não mediu conseqüências. Na sua escala de valores materiais, a vida de seu semelhante não tinha tanta importância. Nada disso tem a ver com a fé.



Jesus, o filho do Pai, e que se fez carne para nos salvar, também morreu crucificado, enquanto homem pertencente ao mundo material. O Papa, ser humano como nós, não poderia ter tratamento diferenciado diante do ataque de que foi víotima. Daí a dizer que ambos poderiam, pela fé, serem salvos dos males de que foram vítimas, vai uma grande distância.



A fé não é uma vacina contra os males do mundo. Se fosse assim, não teria sentido o “livre arbítrio” que nos foi concedido pela Misericórdia Divina". Se Deus agisse dessa maneira, protegendo ou perseguindo todos, indistintamente, seria um poderoso ditador. E não teria sentido toda a sua pregação para que seguíssemos os caminhos traçados por Jesus. O mundo passaria a ser dos interesseiros. Que, com medo dos castigos, e para garantir “proteção divina”, fariam tudo o que lhes fossem determinado por Deus.



“Muitas vezes na vida fazemos as nossas opções não segundo a vontade de Deus, mas segundo o nosso gosto e o nosso capricho, segundo o nosso comodismo e a nossa covardia. Não estamos acostumados a olhar para o alto, para a estrela, e, pelo contrário, temos o costume de iluminar-nos com o nosso próprio candeeiro, que é uma luz pequena, que é uma luz escura, que é uma luz que (...) nos reduz ao limite do nosso egoísmo”.(AM.G. Dorronsoro, o,c. 6).



Evidente que o Papa, como qualquer ser humano, não está imune aos ferimentos. Somos matéria e, como tal, temos que procurar em nosso mundo material as soluções para nossos problemas terrenos. Mas isso não significa que a fé deva ser deixada de lado; nem podemos, de outra parte, deixar de agradecer aos santos, o mal menor com que fomos abençoados. O Papa poderia ter morrido. Como morreu o nigeriano. Quem poderá afirmar, com certeza, que o Santo Padre não teria sido, de certa forma, abençoado por N.S. de Fátima, permitindo que ele continuasse vivo por todos esses anos? Há sempre um propósito em cada fato divino.



Do mesmo modo, não procede a ironia do escritor Kraus. Prova de ignorância total em relação as coisas divinas. Soberba? O fato de termos fé, de acreditarmos em Deus, não nos faz, do ponto de vista material, diferentes de nossos semelhantes. Não nos tornamos, com a fé, um super-homem. Isento aos ferimentos de choques elétricos; às queimaduras e às doenças. O citado escritor deveria, no meu entender, escrever menos e ler mais.



Finalmente, é claro que promessas bizarras, bruxarias, etc., em nada aproveita aos ditames das fé. No entanto, está mais do que comprovado, que o doente que acredita na cura, que se mostra otimista em relação ao tratamento, tende a obter melhores resultados do que aquele que é pessimista e irônico. Não se trata de fé, mas, sim, de uma questão de ordem mental. Que produz o mesmo efeito do placebo. Basta que a pessoa acredite. Já é o primeiro passo. Muito longe, é bem verdade, do que poderíamos caracterizar como fé, na acepção ampla e divina do termo.



19 de janeiro de 2004



















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