Levei tempo preparando um divórcio,
quando de um amigo me lembrei,
coitado, tentava deixar a outra,
sofria, gemia, queria e não podia,
pois a outra era um trago apenas.
Também soube de amigo meu,
que desejava a outra abandonar,
perseguia-lhe a esposa,
coitada, também desconhecia,
que a outra era apenas bebericar.
Aquele ainda que chorava,
não conseguia da outra fugir,
e em casa a mesma história,
convencer esposa e filhos,
que outra era o jogo que jogava.
Eu, pobre diabo, nem vício tenho,
tanto tempo querendo me divorciar,
descobri que minha outra é a lua,
desgraçada, que chega tão nua,
depois desaparece e nua reaparece.
(?) Como conseguir esquecê-la,
se quando no quintal nela penso,
quando também pelas ruas vagueio,
assim como outra vão aceitá-la,
esta outra que não fere o senso.
Minha outra, tão somente a lua,
que clareia minhas noites,
me consola na oca melancolia,
reconforta minhas lágrimas tolas,
quando me dói a alma em nostalgia.
AdeGa/97
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