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Cronicas-->DURO DE ESCUTAR -- 26/07/2001 - 23:41 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DURO DE ESCUTAR

Ao longo da minha vida, tive a oportunidade de conhecer pessoas realmente especiais. São aquelas pessoas que me marcaram de uma maneira indelével. Feliz de quem tem a devida sensibilidade para reconhecer e identificar no meio do povo, esses sêres mágicos e suas histórias fantásticas.
Um desses personagens atendia por Andrade. Mulato de baixa estatura, franzino, mas dotado de uma auto-estima que o fazia se sentir um verdadeiro Schwartzenneger. Na Força Aérea , onde o conhecí, ele trabalhava como barbeiro e entre um corte e outro brindava o público com casos mirabolantes. Certo dia ,ele chegou um tanto chateado para trabalhar e ao ser indagado sobre o motivo de tal fato, explicou que havia sido forçado a agredir o próprio irmão, que não mais estava querendo obedecer a mãe.
-"É muito triste ter que bater no próprio irmão, mas nesse caso foi inevitável."
- "Mas porque Andrade?"...... "O seu irmão é um mau elemento?" Alguém perguntou.
- "Não" . "Não é nada disso".... "Ele até que é um bom garoto"....."O problema é que o título de Campeão Brasileiro de Karatê lhe subiu a cabeça e ele resolveu pisar na bola com a velha."......."Aí então eu tive de intervir." O silêncio foi geral na barbearia.
Em outra ocasião ele contou que vinha chegando em casa no meio da madrugada, quando notou a presença de elementos suspeitos na esquina. O seu subconsciente lhe alertou :-"Andrade, você vai ser assaltado". E não deu outra . Ao passar no meio dos meliantes ouviu o anúncio: - "Mãos ao alto"...... "Isso é um assalto." O único problema é que os gatunos não sabiam de suas qualidades como capoeirista e ao colocar as mãos ao alto, desferiu um tremendo AÚ ( golpe malabarístico ) que fez com que a arma do assaltante subisse mais de dez metros. Com os vagabundos paralisados diante de tal destreza , e não satisfeito ainda, Andrade arrancou com as próprias mãos a tampa do bueiro público ( operação feita normalmente por uns três homens com alavanca de ferro ) e amassou o revolver todinho. Ao terminar a exibição, Andrade notou que estava sozinho no meio da rua e que não havia ficado um malandro sequer para conferir o ato.
Depois de casos como este, muita gente se levantava da cadeira e saía com a cara cheia de espuma, ou apenas com uma costeleta feita , em sinal de protesto . O mais interessante era que Andrade não exibia nenhum sinal de constrangimento enquanto narrava suas epopéias.
Com as mulheres então o seu sucesso era estrondoso. Ganhava cerca de duas mulheres por dia. Uma pela manhã quando vinha para o trabalho e outra a tarde quando ía para casa, perfazendo uma média de umas cinquenta mulheres por mês.
Certo dia alguém comentou na barbearia que as plantas se apegavam aos seus donos, no que todos concordaram. Foi aí então que Andrade comentou que havia plantado duas sementes de palmeira, uma de cada lado do portão de sua casa e que todo dia ao chegar do trabalho perdia um bom tempo regando e fazendo carinho nas duas plantinhas que foram crescendo dia após dia, acostumadas com aquele chamego . Hoje em dia quem fór a sua casa se deparará com duas enormes palmeiras, e que por mais incrível que pareça todo dia de tarde ao pressentirem que o Andrade está entrando na rua de volta do quartel, fazem a maior festa balançando de um lado para o outro, mesmo que não haja vento. Ninguém pode reclamar, pois todos concordaram que as plantas se apegavam aos seus donos, dando espaço para mais uma façanha do Andrade.



Maurilio Silva - silmaster@yahoo.com.br
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