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Artigos-->Chegamos ao Planeta Vermelho -- 06/01/2004 - 23:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TERRA À VISTA! ENFIM, MARTE

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



O robot Spirit, da Agência Espacial Americana – NASA -, fez boa viagem e já está pisando firme em solo de Marte, o planeta vermelho. A recepção não foi das mais calorosas. Ainda não havia público nem propaganda de marketing. O “gelo” da fria recepção, no entanto, será quebrado a partir do final do mês, quando da chegada do seu irmão gêmeo, o robot “Opportunity” , que irá ajudá-lo nos trabalhos de sondagem e pesquisa. Por enquanto, e tendo em vista as primeiras imagens encaminhadas ao planeta Terra, não há sinais de existência de água.



Mas as notícias não são tão ruins assim. São até alvissareiras, eu diria. Sem água, é bem verdade, não há possibilidade de existir qualquer espécie de vida: vegetal, animal e muito menos humana. Em compensação, sem vida humana não haverá bancos. Sem bancos, não haverá filas, contas a pagar, juros e multas a serem cobrados; nem será possível desvirar dinheiro de origem duvidosa para paraísos fiscais.



E tem muito mais. Sem vida, não haverá necessidade de eleições gerais para presidente, governadores e prefeitos. Com direito ao degradante horário eleitoral gratuito. Sem eleições, não haverá deputados e senadores e o Congresso Nacional passa a não ter sentido. Não existirão as infidelidades partidárias e nem seremos obrigados a assistir o espetáculo deprimente da convocação extraordinária.



E não haverá, também, presidente. Sem presidente, por sua vez, nada de negociações de apoios: o famoso “toma-lá-dá-cá”, pois não haverá reformas. Não havendo INSS, não haverá déficit previdenciário. E os corruptos e corruptores serão obras de ficção científica.



Não teremos servidores públicos nem bodes expiatórios. E nem marajás. Ninguém precisará meter a mão no bolso dos pensionistas e dos aposentados. Nem humilhar os que conseguiram o milagre do crescimento ao completarem noventa anos de idade, bem vivos, apesar dos parcos rendimentos de cerca de um ou dois salários mínimos.



Mas, a melhor de todas as notícias: estaremos livres das dívidas e do FMI. A menos que os dois robots resolvam perfurar poços artesianos e que encontrem água e petróleo em abundância.



Nesse caso, será necessário organizar a produção, exploração e a distribuição das riquezas. Sem descuidar do meio ambiente. Teremos então que recriar os serviços públicos. Ministérios e Autarquias para atender a todos. Abrir concursos públicos para contratar novos robots.



Retornar ao modelo capitalista. Á democracia, pelo voto livre e universal. Eleger nossos representantes. Promulgar a Constituição. Elaborar as leis do mercado.



Incentivar a implantação das bolsas de valores para que as empresas possam crescer e criar mais empregos. Para que o governo possa cumprir suas promessas de campanha: garantia de comida e emprego para todos. Educação gratuita e de qualidade. Saúde e saneamento básico para a população. Distribuição e desconcentração de rendas. Tudo sob a égide da justiça social. Apostando no homem, como meio e fim de todas as ações governamentais.



Praticando a economia de mercado. Apoiando o sistema financeiro livre de boatos e de especulações. Sob o comando da mão invisível do mercado. Com regras simples como as regras da oferta e da procura na regulagem dos preços. Do controle da inflação. Dos juros...



Do rigoroso combate ao crime do colarinho branco. Ao crime organizado. À poluição. Às fraudes eleitorais e aos desvios de recursos. À violência no trânsito. Incentivando a construção de cadeias de segurança máxima. Buscando a paz e dando um basta às guerras;



....só tem um problema: tudo isto já foi tentado e não deu certo. E não foi coisa de robot. Foi coisa de gente grande. De gente humana, civilizada. Bem preparada. Que consegue fabricar robots. O sonho, pelo visto, aqui na Terra, não acabou. Virou pesadelo. Apesar de o governo também ter no mesmo vermelho de Marte, a cor verde da esperança.



Mas nem tudo está perdido. Em Marte, talvez, ainda tenhamos alguma chance. Desde que passemos a identificar todos os que lá chegarem. Sujando seus dedos de tinta; e tirando fotos para o grande arquivo que se formará ao longo dos anos.



Arquivos que, em pouco tempo, na sua grande maioria, terão que ser deslocados para os presídios, para os paraísos fiscais, para os escaninhos da Justiça, ou ficarão escondidos em alguma cratera marciana, até as próximas eleições. Este será o risco-Marciano.



06 de janeiro de 2004









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