Escrevendo sentimentos
Êh! Seu moço requintado
Num sei expressar quinem voceis,
Meus versos são de sentimentos
Sem preocupar com o português,
Escrevo para o leigo da roça
Que entende o que eu falo,
Aquele que sente o que vê
Desde o cantar de um galo,
Que nas altas madrugadas
Está sempre de vigília,
Guardando o nosso terreiro
Contemplando as maravilhas,
Que Deus criou pro nossos olhos
Se encher quando olhar,
O nascer de mais um dia
No alvorecer quando pontar,
O sol vermelho no horizonte
E os raios com as nuvens misturar,
Fazendo a pintura no céu
Prá nossos olhos enxergar.
E a passarada neste instante
Cobre de cantos o ambiente,
Anunciando o novo dia
Que Deus mandou prá gente.
É a criação nos ofertando
Todo dia esta beleza,
Pois só o coração do leigo
É que tem esta pureza.
Então é nesta hora
Que sai de dentro do coração,
Sem preocupar com as palavras
Que não tem lá no sertão,
Pois se eu ficar procurando
Na mente a palavra certa,
O sentido é esquecido
E a mente fica deserta.
É por isso que a caneta
Vai escrevendo sem parar,
Sem preocupar com o português
Que voceis vivem a falar.
De: Airam Ribeiro - Itanhém-Ba-
21/10/2000.
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