TANTO BARULHO PRA NADA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
O Brasil do Fome Zero
Da propaganda enganosa
Da rima, do verso em prosa
Do toma lá, também quero
Do chorinho e do bolero
A nação já é tratada
Com descaso e piada
Viva a nossa seleção
Mas somos pentacampeão
Tanto barulho pra nada
Brasil, infidelidade
Partidária e coisa e tal
Da economia global
Da falta de autoridade
Trabalho e prosperidade
De buraco na estrada
Na rua e na calçada
De promessas repetidas
Sempre feitas, não cumpridas
Tanto barulho pra nada
País em cima do muro
Do modelo neo-liberal
Do tudo pelo social
Da alta taxa de juro
Das reformas, desconjuro!
Da propina gravada
Da grana que é levada
Pra longe da nossa vista
Já é grande aquela lista
Tanto barulho pra nada
País que esquece o passado
Que não se lembra da gente
País onde o presidente
Vive do improvisado
Nada aqui é planejado
Nem a coisa investigada
Segue solta, é levada
Só se fala em (re)eleição
Com muita negociação
Tanto barulho pra nada
Terra muito escandalosa
Tem ratos pra mais de milhão
Exército de corrupção
De gente inescrupulosa
De atitude maldosa
E tem gente dedicada
Porém, desempregada
Que não perdeu a esperança
Chora e ri como criança
Tanto barulho pra nada
Tem gente abaixo da linha
Sem feijão, sem dentadura
Muito pouca mordedura
Sem panela na cozinha
Da morte, já é vizinha
Aguardando na calçada
A comida enviada
Pela turma do prefeito
Que prometeu dá um jeito
Tanto barulho pra nada
Talvez, lá na primavera
Bem pertinho da eleição
Pelo menos, um caminhão
A população, assim espera
Para alívio da galera
Deve apontar na estrada
Trazendo a tão falada
Dentro da carroceria
Em troca de parceria
Tanto barulho pra nada
CPI do BANESTADO
Caminha na contramão
Foi grande a investigação
Mas é pouco o resultado
Mais um processo arquivado
Gente grande na jogada
Muita conversa fiada
O impasse foi construído
Grita o povo iludido
Tanto barulho pra nada
Desde a sua instalação
Já se previa o final
O país do Carnaval
Da marmelada e do pão
Do blefe, arroz com feijão
Tudo coisa arranjada
Na imprensa anunciada
O relator e o presidente
Fez a comissão de frente
Tanto barulho pra nada
Já se fala em anistia
Para todo investigado
Disse o mentor no Senado
Tudo denúncia vazia
Nada foi nem parecia
Tudo conversa fiada
Solta toda a boiada
Vitória da corrupção
Se ninguém disser que não
Tanto barulho pra nada
Brasil do inusitado
Da esquerda imperfeita
Da meia volta à direita
Na Câmara e no Senado
Onde tudo é encaixado
De forma negociada
Pela turma da pesada
No côncavo e no convexo
Brasil, discurso sem nexo
Tanto barulho pra nada
Brasil terra de eleição
Do resultado trocado
Do presidente clonado
Brasil do sim e do não
Da compra do avião
Economia parada
Com promessa anunciada
A missa em andamento
Milagre do crescimento
Tanto barulho pra nada
Onde tudo se ajeita
Brasil na medida certa
Amigo de porta aberta
Que todo mundo respeita
Mas pouca gente aproveita
A grana depositada
E a nação endividada
Ainda faz o favor
De dispensar devedor
Tanto barulho pra nada
Brasil da democracia
E do regime fechado
E do crime organizado
E da barriga vazia
Já faz tempo não se via
Na rua, desempregada
Pouca gente alimentada
Que com fome acreditou
Comer o pão que sonhou
Tanto barulho pra nada
Foi tudo o que lhe restou
A imprensa independente
E a mídia conivente
A briga mal começou
O pão que o diabo amassou
Da questão tão esperada
A tal taxação malvada
No Supremo o resultado
Na imprensa pressionado
Tanto barulho pra nada
A imprensa conivente
Faz do rombo a garantia
E a falência anuncia
A Previdência da gente
Se a coisa for diferente
Pra classe aposentada
Cai a renda de barbada
Subvertendo o Direito
Tudo para dar um jeito
Tanto barulho pra nada
É sinal de incompetência
Nada tem de Economia
O rombo da autarquia
A tão falada falência
Nunca foi de insolvência
Ela é mal fiscalizada
A receita é desviada
Mas sempre se dá o perdão
Deviam cobrar do ladrão
Tanto barulho pra nada