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Artigos-->Promiscidade Financeira Globalizada. A Festa Continua -- 05/01/2004 - 22:08 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A Promiscuidade Financeira Globalizada

(por Domingos Oliveira Medeiros)



A imprensa, grande parte dela, não tem jeito. Continua fazendo o jogo do governo e dos poderosos. Que, aliás, é sempre o mesmo jogo. O jogo de interesses escusos. O jogo cujo objetivo é garantir melhores resultados econômicos aos seus negócios. A moral, a ética e o interesse público, há tempos, deixou de ser prioridade. A missão social das empresas, na época em que ainda era estudante, dava o tom do respeito e da admiração ao empreendimento que se voltasse, também, para o seu lado social. A melhor conjugação do binômio econômico-social decidia quem deveria permanecer, ou não, no mercado.



Mas nos tempos ditos modernos, a tendência perniciosa de apego excessivo ao lucro, tem sua origem no país do tio Sam. Casa de ferreiro, espeto de pau. Justo no país que sempre foi exemplo de democracia, de liberdade e que sempre pregou o capitalismo de resultados, contrapondo-se aos regimes comunistas, tão combatido pela tirania e opressão que os caracterizavam.



Mas o capitalismo está cada vez mais parecido com os regimes combatidos pelos EUA. Pelo menos este que aí está sendo posto em prática. A concorrência predatória e a acumulação de capitais tem dado o tom do comportamento e da atitude dos agentes que operam os mercados de capitais. E já ameaça a produção, a distribuição e o próprio consumo. As diretrizes políticas nacionais e internacionais caminham no mesmo sentido.



A maquiagem contábil dos balanços, a fraude nas bolsas de valores, o critério de rentabilidade máxima, às custas de remuneração salarial cada vez menor, passou a ser sinônimo de “estratégia empresarial”. Sinônimo de competência e habilidade de seus administradores que, infelizmente, são avaliados positivamente, na medida em que conseguem produzir mais lucros pagando menos salários e transformando prejuízos em “investimentos”, enganando os acionistas, mesmo com o risco de quebrar a credibilidade do sistema financeiro.



As questões de ordem social, como de resto, àquelas voltadas para a proteção e o cuidado com o meio ambiente, traduzidas em ações efetivas de apoio, principalmente, das nações mais ricas, foram ficando em segundo plano. A reunião realizada na África, a chamada Rio + 10, é prova disso. Dá a entender que os países ricos, que insistem em negar apoio às questões de ordem ambientais, estariam imunes ao aumento da temperatura do planeta, com todas as drásticas conseqüências advindas deste ato de indiferença.



Não é por outra razão que a concentração de renda tem aumentado. E com ela, a distância entre os ricos, que estão cada vez mais ricos, e os pobres, que permanecem cada vez mais pobres; numa constatação da mediocridade do ser humano em relação ao tratamento que é dispensado aos seus semelhantes; tanto os que são menos favorecidos pela sorte, como os que foram gerados a partir da própria indiferença a que foram submetidos, nos últimos anos, pelo detentores do poder.



Com isso, é cada vez maior o número de pessoas que sobrevivem abaixo da linha de pobreza. O exército de famintos e miseráveis é cada vez maior. Ele representa, a bem da verdade, o saldo negativo das ações promíscuas e criminosas de quem, no momento, detém o conjunto de poderes que lhes dá sustentação para usar e abusar da irresponsabilidade e do descaso para com os seis semelhantes. E o Brasil é exemplo dessa promiscuidade financeira internacional.



O FMI, criado após guerra, em 1944, a partir do chamado Acordo de Bretton Woods, já não possui as mesmas características e objetivos de sua criação. A começar pelo critério da conversibilidade do dólar em ouro, que dava a medida certa e a garantia do lastro da moeda americana para servir de parâmetro às transações comerciais. Este lastro não existe mais. Foi substituído pelo poder político, econômico e bélico dos EUA que, a despeito destes fatos, continua avocando para si o direito da hegemonia em todos as áreas das relações internacionais, principalmente a área econômica.



Por conta disso, os EUA invadem países, sem consultar a ONU, acobertam massacres como os ocorridos entre israelenses e palestinos, condenam, sem o devido julgamento, pessoas e países, bombardeiam civis e militares, e estabelece um clima de guerra no mundo inteiro, impondo, aos países em desenvolvimento, a subserviência ao capital especulativo.



Não tem sentido, por exemplo, o Brasil pegar emprestado ao FMI, como ocorreu recentemente, U$ 30 bilhões de dólares, pagando taxas de juros variáveis de 3,22% a 7,22%, ficando, ainda por cima, refém das variações cambiais. Ou seja, toda vez que o dólar sobe, a dívida que foi contraída também aumenta. O correto seria considerar a cotação da moeda americana no dia da transação, por exemplo: digamos que o dólar, na data do empréstimo, equivaleria a R$3,00.



Isto significa dizer que o empréstimo de U$30 bilhões de dólares, corresponde a R$ 90 bilhões de reais. Esta condição de conversão monetária deveria perdurar durante todo o prazo contratual. Os países é que deveriam decidir o melhor momento para contrair seus empréstimos, ou seja, preferencialmente no momento em que a moeda nacional estivesse mais próxima do valor da moeda de referência, no caso, o dólar. E não ficar jogando com a variação cambial que, no mais das vezes, joga sempre contra o devedor.



O que não pode é continuar com as regras de hoje. Um empréstimo de U$ 30 bilhões de dólares, equivalentes a R$ 90 bilhões de reais, por exemplo, logo no mês seguinte, caso o dólar chegue a casa dos R$ 4 reais, significará que esta dívida, como num passe de mágica, passou para R$ 120 bilhões de reais. Ou seja, aumentou em R$ 30 bilhões de reais. Convenhamos, isto é usura, agiotagem, roubo, tudo enfim, menos “programa de ajuda financeira”, conforme tem sido propagado.



E tudo por conta da especulação financeira. Dos boatos de mercado. E até do uso de pesquisas eleitorais para criar um falso clima de desconfiança, objetivando aumentar o risco-Brasil, (outra grande mentira) em beneficio dos especuladores internacionais. Tudo isso faz com que a moeda americana tenha variação para mais, sem nenhuma consistência de ordem econômica. Ou seja, além dos juros contratados, e das variações cambiais normais, ainda somos obrigados a pagar uma taxa psicológica, por conta do “nervosismo” induzido do mercado.



E o Banco Central, como sempre, termina por ficar em dificuldades para rolar suas dívidas. Dificuldades que, por sua vez, aumentam as pressões sobre o dólar. E o dólar volta a subir. E o Banco Central utiliza suas reservas para “tranqüilizar” o mercado. Que nem sempre fica satisfeito. Pois a questão é de ordem psicológica. Igual ao fumante inveterado. Quanto mais fuma, mais o organismo precisa de nicotina. E o fumante aumenta o número de cigarros. Até morrer asfixiado. Vítima de “enfisema financeiro”. De ordem psicológica.



O resultado é deprimente. A nossa dívida já atinge 61,9 % do PIB. A dívida líquida do governo já soma, com base em julho próximo passado, cerca de R$ 820 bilhões de reais. Há oito anos que ela vem crescendo. Começou com R$ 65 bilhões, logo que Fernando Henrique assumiu. E vem crescendo em proporções geométricas. E o nosso “técnico” não mudou o time. O time que sempre esteve perdendo. E o pior de tudo é que inexiste meios para punir o governo. Está mais no que na hora de rever estes procedimentos. Empréstimos e outros atos administrativos que envolvam grande somas de recursos, deveriam ser objeto de um controle mais rigoroso. O próprio Congresso Nacional poderia ser consultado a respeito. Afinal, é o dinheiro do povo que está em jogo. E é o povo quem acaba pagando a conta. Nada mais justo, portanto, que seus representantes sejam ouvidos a respeito.



E ainda querem conceder maior autonomia ao Banco Central. Sou terminantemente contra Por mim, tanto o seu presidente, como toda a sua diretoria, deveria ser exclusivamente formada por servidores que ali ingressaram pela via do sistema do mérito, o concurso público, e que, por isso, são os legítimos integrantes do Quadro de Pessoal Permanente daquele Órgão. Este governo caminhou na contramão do bom senso. Desmantelou a Máquina Pública. E agora padece com o descontrole e a ingerência. É preciso muitas reformas. Tem pouca gente com muito poder decisório nas mãos. Envolvendo grandes somas de recursos públicos. Por isso, creio, tem sido muito fácil desviar dinheiro do orçamento. Os fatos estão aí para comprovar. Rombos e mais rombos. E ninguém vai preso.

E ainda retorna nos braços do povo. Para garantir imunidade parlamentar. E se livrar das futuras cadeias.





Vamos torcer para que o presidente Lula comece logo o seu governo, priorizando as reformas. A reforma política, tributária, administrativa, do Judiciário, do Legislativo, do Executivo, e tantas outras que há tempos são empurradas com a barriga da tibieza e da incompetência. E adotar, como praxe, a consulta popular para todas as questões complexas, envolvendo ou não recursos financeiros.









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