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Cronicas-->SOBRE A MOTIVAÇÃO PARA O QUE CREMOS -- 25/07/2001 - 18:39 (Willians Moreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por trás de qualquer crença há uma motivação psicossocial. Isto significa que o ser humano está completamente comprometido com a sua própria segurança no ambiente em que vive. Até mesmo quando nos sacrificamos por alguém ou por algum ideal, estamos tentando sustentar aquilo que nutrimos como verdade.
Aplicando o acima dito ao contexto religioso, as nossas crenças podem refletir as nos-sas inseguranças. Isto é um paradoxo porque aquilo que eu afirmo crer pode servir de base para que eu tenha segurança em algum ponto de minha personalidade. Nós somos extrema-mente egoístas. Inconscientemente, não aceitaremos uma determinada maneira de ver a reali-dade se a mesma não nos favorecer em algum ponto. Às vezes, somos obrigados a concordar com certos conceitos, em face de que fatos estão a ratificá-los. Entramos em crise; superamo-la, até que um novo ou novos fatos mostrem-nos um novo caminho... Portanto, é preciso conscientizar-se de que, enquanto humanos, não podemos ficar restritos a um pensar limitado por barreiras preconceituosas de quaisquer ordens que sejam. Dito isto, entendemos que a motivação devida para o que cremos deve estar no argumento racional verificável.
Surge então uma pergunta: Por quê precisamos de crer em algo de modo absoluto? Somos ensinados a depender de crenças que dêem suporte à nossa existência. Parece-me que a condição infantil pode ser uma das responsáveis por esta situação. Os humanos vivem a cata de algo em que possam crer para a que as suas vidas tenham sentido. Seria um desespero vi-ver sem algo em que possam colocar a sua confiança. Disso se aproveitam os pregadores e condutores da mídia. Consciente ou inconscientemente, estes profissionais utilizam-se de co-nhecimentos da psicologia humana para poderem conduzir os seus seguidores. Aproveitando o terreno fértil da imaturidade popular, pululam as suas pregações de promessas e confirma-ções de realidades que só servem para alimentar o desejo egótico-narcisista que direciona a mente das massas. Todas as possíveis realidades de riqueza, saúde, céu, inferno, galardão, Deus, Diabo, anjos, milagres, vida após a morte, o bem e o mal, etc., e tantas outras invencio-nices, são usadas para amenizar os conflitos e dores da humanidade. Torna-se mais fácil este caminho do que levar o homem ao caminho da maturidade, onde enfrentará a realidade da vida de modo consciente, sem ficar esperando a concretização de utopias futuras veiculadas por promessas fundadas em especulações. O grande problema a enfrentar-se é de educa-ção/formação. Existem os muitos que são contrários a esta colocação em virtude de um mito criado para sustentar a religião de que o homem só pode ser transformado por uma experiên-cia mística com Deus (criaram nos humanos essa necessidade). Será que este Deus não esco-lhe também o processo formativo educacional para direcionar humanos? Por que não? Será que isto o tornaria impotente? Não podemos fugir do fato de que toda a nossa maneira de pen-sar e existir ocidental é primariamente fruto da cultura grega. Até mesmo a forma como con-cebemos o próprio cristianismo é moldada pela cultura helênica. Disso os primeiros cristãos são testemunhas (basicamente os pais apostólicos - Séc. II - III). Se a educação não fosse prioritária o próprio Jesus não teria escolhido um grupo de seguidores que estivesse apren-dendo consigo diariamente. O texto bíblico expressa o que ele disse: "Ide e ensinai a todas as nações" (Mt.28:20). Pode-se até passar por uma experiência impactante (o que não é absoluto para todos), mas o conteúdo de uma crença, de uma fé, é mediado por ensino, educação. Até mesmo a própria experiência impactante, mística até, depende de toda uma experiência passa-da pelo ser humano envolvido. As suas concepções de mundo, sua vida familiar, seus trau-mas, suas vitórias e derrotas, as próprias informações que veiculam a experiência, e outras realidades nas quais o homem pode estar envolvido, condicionam-no para a absorção da expe-riência mística. Toda esta realidade prévia é educativa, quer seja direcionada conscientemente ou não. As vezes isto pode levar anos; as vezes pode ser algo repentino... depende de humano para humano. A síntese do exposto é que na base de tudo está o processo formativo-educacional. Não há como fugir desta realidade. Este processo não envolve apenas o indiví-duo; mas também a sociedade. Esta também passa por experiências impactantes (místicas ou não). Isto colocado, explica o fato de que o indivíduo leva consigo não somente o aspecto da individualidade, como também toda uma herança social e cultural dos seus circunstantes e dos seus ancestrais. De sorte que o que está acontecendo com a sociedade é também, em largo sentido, o que está acontecendo com o indivíduo. Não somente o indivíduo precisa de mudan-ça; a sociedade, por vezes, também necessita da mesma.
Todo o exposto anteriormente serve para ratificar a nossa convicção de que as cren-ças(de quaisquer ordens) fazem parte do nosso condicionamento educativo. E na base de tudo está a auto-satisfação.
Desta forma e com esta nova consciência, podemos reformar as nossas crenças, tendo sobre elas o controle de não dependermos delas. Não precisamos de crer absolutamente em coisa alguma. Precisamos, isso sim, de viver, de existir. Isto significa cumprir o ciclo da natu-reza como qualquer animal. É impressionante como Jesus enxergou esta realidade quando se referiu aos lírios do campo: "Olhai para os lírios do campo" (Mat. 6:28). A flora não precisa de se preocupar ou crer em nada. Também os pássaros estão sobre o controle das supostas leis da natureza. Diz Jesus que o Pai toma conta não só da fauna, como também da flora. A inclu-são do Pai induz a uma crença. Mas é fato que a Natureza dispõe-se a provê as necessidades de si mesma ("Deus manda sol e chuva para justos e injustos" - Mat. 5:45). Assim, podemos ter um viver aberto a todas as novas perspectivas que possam surgir, sem jamais querermos nos apegar ferrenhamente a uma crença, como se nós dependêssemos absolutamente dela para existirmos. O de que precisamos para viver já está disposto em toda a contingência e abran-gência do universo. Basta que deixemos a preguiça, a indisposição e partamos para o trabalho que nos suprirá as necessidades.
Vale salientar que o mercado de crenças favorece aos pregadores que, consciente ou inconscientemente, pensam estar ajudando ao semelhante e favorece muito mais aos explora-dores da mente humana. Não estou dizendo que não há resultados muitas vezes benéficos em muitas crenças. Estou antes afirmando que é preciso não absolutizar o que recebemos como certo. É preciso estar aberto para questionamentos. Não estou propondo uma mudança de motivação para o que cremos, antes advogo um desprendimento de uma compreensão infantil do que pensamos ser a única verdade...

Willians Moreira
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