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Artigos-->LIÇÃO DOS OUTROS -- 03/01/2004 - 23:33 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LIÇÃO DOS OUTROS



Francisco Miguel de Moura *



Há anos o Prof. A. Tito Filho, de saudosa memória, tinha uma coluna com esse título. Peço licença, onde ele estiver, para usá-lo não em coluna permanente, mas apenas neste artigo. A lição (lições) é de Rejane Machado, escritora, romancista, contista e crítica literária várias vezes premiada, do Rio, em carta de 29-12-2003:

“Acabei de escrever cento e poucas páginas de um estudo meio revolucionário, porque vai contra algumas verdades estabelecidas. É sobre se houve ou não uma literatura “baiana”, ou melhor, quando começa verdadeiramente a literatura brasileira. Meu trabalho se intitula “Santíssima Trindade da Literatura Baiana” e contempla os 3 que julgo serem os mais representativos da coisa: Nóbrega, Gregório e Vieira. E defendo a tese que a chamada “literatura de informação” foi também literatura (o Pe. Nóbrega está incluído aí oficialmente c/Anchieta, né?) e não somente relatório, inventários, etc. Pesquisei na Biblioteca Nacional, só saía de lá quando me botavam pra fora, às 8 da noite (entrava às vezes 10 da matina) e por 3 dias li as obras do jesuíta. Que figura admirável, grande administrador, cultíssimo literato, ser humano da maior importância. Fiquei encantada com as suas cartas. Não se pretendendo fazer literatura, fê-la, (hum!) da melhor qualidade. Numa carta de 1549 em que ele presta contas ao seu orientador, mestre, etc. ele descreve o que encontrou por aqui, o que estava fazendo. O pobre que fundou o nosso primeiro estabelecimento cultural – o Colégio da Bahia – ficava escandalizado com a amoralidade indígena, e com o feio hábito de comer assados os seus inimigos. Pediu numa outra carta (escreveu centenas!) ao rei que mandasse camisas para vestir as mulheres para que elas não mais fossem “peladas” às missas e outros cultos.

Anchieta, que tem muito mais cartaz que ele, era seu secretário e escreveu um opúsculo, “Nóbrega e os Outros”, em que revela coisas sobre ele, um retrato respeitoso do Superior: “era muito gago” e por isso a missa que ele dizia demorava demais! Era “pão duro”, a fome estava braba no Colégio, quando eles já tinham mais de 200 alunos, e ele custava a autorizar matar uma rês. Nessa altura, tinha pedido noutra deliciosa carta semente para um Irmão que “hé hermitão” – ou seja, que tem uma “hermida” (uma grande horta fora do povoado) e com isso veio algodão, entre outras coisas, porque ele achava “de bom alvitre” fazer um algodoal, para que todos os “catecumenos” índios e mestiços pudessem se cobrir. Ele não era como o pessoal do Caminha que “não tinha nenhuma vergonha” em a exposição das “vergonhas dos índios.”

Do vigarista Gregório, já estabelecido como figura literária colonial só fiz a reiteração. E de Antônio Vieira, também, só puxando a brasa para os mais de 60 anos que viveu em território nosso, tendo chegado aos 6 anos, e pregou a maior parte dos Sermões aqui, portanto fez uma literatura no e do Brasil.”

O espaço deste jornal é insuficiente para transcrever a carta toda.









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*Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL, do Conselho de Cultura e da UBE.

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