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Artigos-->AS DIFERENÇAS FAZEM A CULTURA (2) -- 03/01/2004 - 01:06 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AS DIFERENÇAS FAZEM A CULTURA (2)



Francisco Miguel de Moura*





Fernando Pessoa escreveu uns versos assim: “A capacidade de pensar o que sinto é que me distingue do homem vulgar. Mais do que ele me distingue do macaco.” Joaquim de Montezuma de Carvalho, historiador português, acrescenta: “pensar e sentir têm de ir irmanados no homem superior que escapa ao império das massas hoje tão mais massas produzidas em série como chouriço ou salsichas.”

Há ainda quem acredite que a cultura é apenas aquilo que o povo vive, o que se pensa ficará de fora. É uma frente sociológica bastante desatualizada. De outro lado, outros acreditam que a cultura há que englobar também o que é vivido e não-pensado: as massas.

Mas, se dentro do conceito de cultura está a vida das individualidades e das comunidades, impossível será desprezar-se as culturas locais, que persistem, resistentes aos meios massivos de comunicação.

Uma das generalidades culturais é a literatura. Assim como as artes, é cultura também. A maioria conhece a “Bíblia” e “Dom Quixote”. No contexto regional (Brasil), sabe-se de José de Alencar e “Iracema”, de Bernardo Guimarães e “A Escrava Isaura”, de Machado de Assis e “Missa do Galo”(vide a notável Conceição).

O Brasil tem identidade, é cultura. Afrânio Coutinho, notável crítico e professor, declara: “Há cinco fenômenos que, no Brasil, se destacam como os mais autênticos e importantes, os mais característicos mesmo, do nosso povo: a música popular, o carnaval, o futebol, a religiosidade popular e a literatura.”

No contexto do Nordeste, a literatura de cordel e os cantadores de repente levam a sabedoria ao povo e aos sabidos, globalizando assim o saber escrito e falado. Uma coisa tipicamente nossa, embora expliquem que veio da Península Ibérica, como veio a língua e a poesia clássica, e tudo mais. E aqui, no caldo de nossas misturas (negro, índio, português e demais emigrantes) formou-se a nossa nação, com grande vocação para crescer e aparecer, sem no entanto apoiar qualquer guerra. Pacífica, num mundo que se afasta cada vez mais do binômio CAPITALISMO X SOCIALISMO e se aproxima do bivérbio CONSTRUIR X DESTRUIR, acuado pelo fundamentalismo do Islã e da América, dois partidos políticos que querem acabar o mundo (ou reconstruí-lo à sua maneira).

Nesse contexto, nosso discurso deve ser preferencialmente o do poema, que não é mais que “uma carne de emoção cobrindo um esqueleto de raciocínio”, conforme o já citado Fernando Pessoa. Jamais o discurso político, pois, como diz Montezuma de Carvalho, “uma certeza tenho: não seria a beleza de um discurso político porque não há nenhum que seja belo, nem mesmo entre os romanos oradores e retóricos. “

E mesmo assim, a política e os políticos também são cultura. Uma baixa cultura.





____________________________

*Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL e do CEC e escreve às sextas-feiras.

AS DIFERENÇAS FAZEM A CULTURA (2)



Francisco Miguel de Moura*





Fernando Pessoa escreveu uns versos assim: “A capacidade de pensar o que sinto é que me distingue do homem vulgar. Mais do que ele me distingue do macaco.” Joaquim de Montezuma de Carvalho, historiador português, acrescenta: “pensar e sentir têm de ir irmanados no homem superior que escapa ao império das massas hoje tão mais massas produzidas em série como chouriço ou salsichas.”

Há ainda quem acredite que a cultura é apenas aquilo que o povo vive, o que se pensa ficará de fora. É uma frente sociológica bastante desatualizada. De outro lado, outros acreditam que a cultura há que englobar também o que é vivido e não-pensado: as massas.

Mas, se dentro do conceito de cultura está a vida das individualidades e das comunidades, impossível será desprezar-se as culturas locais, que persistem, resistentes aos meios massivos de comunicação.

Uma das generalidades culturais é a literatura. Assim como as artes, é cultura também. A maioria conhece a “Bíblia” e “Dom Quixote”. No contexto regional (Brasil), sabe-se de José de Alencar e “Iracema”, de Bernardo Guimarães e “A Escrava Isaura”, de Machado de Assis e “Missa do Galo”(vide a notável Conceição).

O Brasil tem identidade, é cultura. Afrânio Coutinho, notável crítico e professor, declara: “Há cinco fenômenos que, no Brasil, se destacam como os mais autênticos e importantes, os mais característicos mesmo, do nosso povo: a música popular, o carnaval, o futebol, a religiosidade popular e a literatura.”

No contexto do Nordeste, a literatura de cordel e os cantadores de repente levam a sabedoria ao povo e aos sabidos, globalizando assim o saber escrito e falado. Uma coisa tipicamente nossa, embora expliquem que veio da Península Ibérica, como veio a língua e a poesia clássica, e tudo mais. E aqui, no caldo de nossas misturas (negro, índio, português e demais emigrantes) formou-se a nossa nação, com grande vocação para crescer e aparecer, sem no entanto apoiar qualquer guerra. Pacífica, num mundo que se afasta cada vez mais do binômio CAPITALISMO X SOCIALISMO e se aproxima do bivérbio CONSTRUIR X DESTRUIR, acuado pelo fundamentalismo do Islã e da América, dois partidos políticos que querem acabar o mundo (ou reconstruí-lo à sua maneira).

Nesse contexto, nosso discurso deve ser preferencialmente o do poema, que não é mais que “uma carne de emoção cobrindo um esqueleto de raciocínio”, conforme o já citado Fernando Pessoa. Jamais o discurso político, pois, como diz Montezuma de Carvalho, “uma certeza tenho: não seria a beleza de um discurso político porque não há nenhum que seja belo, nem mesmo entre os romanos oradores e retóricos. “

E mesmo assim, a política e os políticos também são cultura. Uma baixa cultura.





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*Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL e do CEC e escreve às sextas-feiras.

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