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Artigos-->AS DIFERENÇAS FAZEM A CULTURA (1) -- 03/01/2004 - 00:21 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AS DIFERENÇAS FAZEM A CULTURA (1)



Francisco Miguel de Moura*





– “Com exceção de mamar, o homem não realiza nenhum ato de comportamento de maneira inata. Não existem mais instintos. Portanto, ele sofre os mesmos impulsos instintivos, ou seja, os mesmos impulsos inatos que constituem o substrato psíquico de seus irmãos, os animais”. Hilaire Cuny, em “A Espécie Humana”, Hemus, São Paulo, 1973, pág.199.

Isto nos diz que o “inconsciente coletivo” prepara, ante as pressões internas vindas do fundo da noite de todos e de cada um, sua humanidade, e que esta ainda não chegou ao fim.

Portanto, parece-nos que, hoje, as perguntas seriam pela negativa: O que não é cultura? Por que não há tantos estudiosos do significado de cultura? Há uma talvez tentativa de alinhar todos os estudos em curso à idéia de globalização que atingiu o planeta no final do século passado e continua neste, como se o fenômeno fosse coisa nova. Novos são a televisão, o computador, a internet, os meios de comunicação de massa globais. A cultura, não. As culturas, não.

Se perguntarmos a um teresinense (Teresina, Piauí, Brasil, Globo) o que é o Cabeça-de-Cuia, saberá ele dizer muito mais do que sobre Dom Quixote ou o Corcunda de Notre-Dame. Se lhe perguntarmos assuntos da “Bíblia” ele possivelmente saberá mais do que de Homero, a “Ilíada” e a “Odisséia”, e mesmo sobre os “Lusíadas.” E os “Lusíadas” não são cultura? Camões não é um poeta de interesse internacional, não houvesse Fernando Pessoa? É sabido que Portugal fez a globalização com os descobrimentos, tornando o mundo conhecido do mundo através de seus inventos e de sua navegação marítima. Todo o mundo sabe quem foi Vergílio, Homero, Dante, Shakespeare? Uns sabem mais, outros menos, e por último, a maioria – nada.

Se se perguntar a um brasileiro o que é samba, carnaval, bossa nova, macumba, mãe-de-santo, saci-pererê, ele saberá muito mais do que um europeu. Mesmo assim o folclore é cultura: cada povo com o seu. Mesmo assim a música popular é cultura: cada país, região, nação, com a sua.

As diferenças entre os seres da natureza são a base cultural primordial. E ninguém tenha dúvida de que no estudo das formações culturais há dois propósitos, um mau e outro bom: o primeiro – partido do mundo político-administrativo ocidental/europeu/norteamericano – é a cooptação das culturas à sua, aos seus caprichos de colonizadores; o segundo – partido da academia e dos cientistas – para o conhecimento dos homens que vivem e fazem o presente, o futuro e a história, não aquela história das guerras e conquistas mas a sua própria história diária, com seus semelhantes (não seus iguais), seus deuses, seus costumes, sua língua, tudo em mutação é claro, mas de uma forma natural, não no intuito de conquistas políticas, de poder e paixão pelo domínio.

Se os meios de comunicação à distância, potentes, a serviço dos potentados, vão diluir as diferenças dentro da globalidade e do universalismo, não sabemos. Daqui e de já, entretanto, podemos avaliar que seria muito antinatural. Seria o fim ou o começo de uma nova humanidade?

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*Francisco Miguel de Moura é escritor, colaborador, publica todas as sexta-feiras.

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