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Cronicas-->ECOLOGIA HUMANA -- 24/07/2001 - 17:21 (Willians Moreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ECOLÓGIA HUMANA

Quanto mais reflito sobre o assunto das relações humanas fico a pensar se realmente chegaremos aonde esperamos.
Pensando sobre a violência nacional e internacional enquanto estava indo trabalhar, re-fletia: Eu tenho um cão que dá uma voltinha todos os dias pela manhã. O percurso dele é por perto de casa. Quando coloquei os pés na rua, encontrei-o rondando uma cadela, embora sen-do bloqueado por outro concorrente. A cada investida de Lupy, o meu cão, o outro lhe mos-trava os dentes... continuei viagem...
No caminho fui pensando sobre o porquê da natureza ser como é: uns devorando os outros e uns lutando pelo seu espaço; lutando por afirmação... Os humanos são a espécie que conseguiu afirmar-se sobre o planeta. Muitas outras espécies foram extintas e outras estão caminhando para isso. Nós nos proliferamos a um percentual extravagantíssimo. Porque evo-luímos mentalmente, desenvolvemos "técnicas" de sobrevivência individual e grupal. Os ou-tros animais que a isto não chegaram, dependem de nós para prosseguirem caminhada, quan-do não são erradicados do planeta. Mas o fato é que nós, humanos, apesar das técnicas, de-senvolvemos outros meios de continuar a execução do instinto. Na natureza, o assalto, o estu-pro, a agressão e outras ações são considerados naturais pelos estudos científicos. Basta ler sobre a vida dos primatas. Já pensou se os outros animais começam a evoluir e a inventar me-canismos de auto-preservação. Já pensou se a evolução deles fosse na contramão da nossa. É interessante observar que cientistas fizeram simulações em computador e chegaram a uma conclusão não muito agradável para os humanos: se os Dinos tivessem permanecido no plane-ta, teriam evoluído tanto que hoje nós seríamos os animais de estimação deles...
Volto a pensar sobre Lupy... Enquanto ele estava tentando chegar ao objetivo da cópu-la e não conseguia, deu-me um sentimento de frustração. Pensei até em "ajudá-lo" contra o "outro safado". Mas retrocedi e questionei-me: Willians, por que você quer interferir "nessa" natureza? Como será que os Dinos interpretariam as nossas ações como animais seus de estimação? E quando eles vissem vários homens querendo ganhar uma mulher...? E quando eles vissem homens e mulheres lutando por "ossos"?
O que estou dizendo não significa que eu não aprovo a luta dos humanos por dias me-lhores e por aprimoramento do bom relacionamento.
O que entendo é que as nossas relações, por mais evoluídas que sejam, refletem a nos-sa natureza intrínseca. Não há como escapar do que somos. Por mais sofisticados que venha-mos a ser ainda seremos uma das espécies do planeta e jamais fugiremos aos princípios que regem a ecologia.
Quando penso sobre a competitividade e violência dos seres humanos, não deixo de me lembrar do que a Biologia nos ensina quando trata das "Interações Ecológicas na Biocene-se": "As interações entre seres vivos ocorrem tanto entre membros da mesma espécie (intera-ções intra-específicas) como entre membros de espécies distintas (interações interespecífi-cas). Tanto em um quanto no outro caso, elas podem ser divididas em negativas (ou desar-mónicas, quando resultam em prejuízo para algum dos indivíduos que interagem); positivas (ou harmónicas, se resultam em vantagens ao menos para um dos participantes da relação, sem prejuízo da outra parte) e neutras (quando não trazem nem benefício nem prejuízo para os indivíduos que dela participam). Quero chamar a atenção para a interação intra-específica no aspecto competitivo. Plantas competem por água, por espaço e por luminosidade. Animais competem por parceiros de reprodução, por espaço e por alimento, entre outras coisas. No caso dos humanos, a realidade não é diferente. Leve-se em consideração o conflito entre ju-deus e palestinos. Ambos disputando a Palestina. Dentro das considerações biológicas, fato deverasmente natural: membros da mesma espécie competindo pelo espaço. Levando-se em conta os estudos científicos, quando a competição for acirrada, em geral a parte "perdedora" pode desaparecer, ser obrigada a emigrar ou sofrer lentas modificações em seu nicho, o que faz com que a competição seja reduzida. Ora, o conflito entre judeus e palestinos poderia não mais existir, se não fora a ação da Inglaterra depois que o Império Turco foi derrotado no primeiro conflito mundial (1914 - 1918). A Palestina passou a ser possessão dos ingleses e estes se comprometeram em providenciar um "lar nacional" para os judeus. Surgiu o movi-mento sionista e a emigração de judeus para a Palestina aconteceu. De lá para cá, os conflitos vem acontecendo, cada vez mais acirrados. O que nós assistimos hoje, não está perto de ser resolvido, se é que um dia será. Poderíamos dizer que a competição entre judeus e palestinos é puramente ao nível de relações ecológicas. Mas não podemos deixar de reconhecer outros interesses por parte de ambos os competidores, como também por parte de "muitos que estão de fora", indiretamente interferindo. É bem verdade que as relações humanas não são somente ecológicas, mas também económicas e políticas. Acredito eu, no entanto, que todas as outras relações são mecanismos e técnicas desenvolvidos pelos humanos a serviço das relações eco-lógicas. Nada mais do que membros de uma espécie da natureza procurando manterem-se vivos. Aqui cabe bem Erasmo de Rotterdam em seu "Elogio da Loucura": "...Dona Natureza, genitora e produtora do gênero humano, tem o cuidado de deixar em tudo uma pitada de lou-cura." Loucura aos olhos de quem? Aos olhos de quem está perplexo ante a suposta violência, não entendendo que a sabedoria humana é como um minúsculo grão de areia na praia, ante a sabedoria da natureza, acumulada durante bilhões e bilhões de anos de existência e evolução.
A conclusão do acima refletido pode dar-nos a consciência de que a natureza seguirá o seu rumo, quer tomemos partido, torçamos e soframos por algum dos lados envolvidos na competição, ou nos mantenhamos apenas esperançosos de que o conflito seja resolvido e não sejamos mais alvos do sensacionalismo jornalístico, muitas vezes preocupado apenas com o bolso dos seus mantenedores na luta ecológica por sua sobrevivência.
O dito pode parecer reducionismo. Estamos abertos para outra argumentação.

Willians Moreira
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