Quando ouço alguém dizer que ficou desempregado por um ano, logo penso que essa pessoa poderia ter usado esse ano para fazer coisas que não teria podido fazer quando empregado.
Ler um livro, escrever um livro, aprender Java ou javanês. Contudo, logo em seguida me lembro -- não sem alguma vergonha -- que também passei um ano desempregado e que pouco fiz durante esse tempo.
Na verdade, fiz sim: tentei me recuperar da catástrofe que foi o desemprego, o ser demitido.
Muito ferido em meu orgulho, pouco fiz, pouco li, acabei por me amoldar a uma vida pelos cantos da vida, pelos enganos a eu mesmo me forcei.
Tento ser ativo e dinâmico -- "para cima" -- a maior parte do tempo. Mas esse ano foi minha forma de ver que quem se deixa levar pela tristeza e deixa de alterar seu ambiente -- deixa de ser proativo -- pode ser qualquer um: eu mesmo, ou talvez até mesmo o leitor.
Assim sendo, não "desçam a lenha", não espanquem moralmente os desempregados deprimidos.
Não é nada para ser orgulhar. Mas pode acontecer a qualquer um.