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Artigos-->NO MUNDO TUDO É PASSAGEIRO -- 26/12/2003 - 12:43 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NO MUNDO TUDO É PASSAGEIRO





Francisco Miguel de Moura*





Ao responder perguntas de um jornalista português, o escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte explica o destino da personagem protagonista de seu último romance, cuja explicação tomo como fundamento desta crônica:

“Como todos os sobreviventes que chegam ao final, quando chegam, chegam sozinhos, porque no caminho mataram todos para garantir a própria sobrevivência.”

Somos sobreviventes. A vida é mais ou menos assim, em qualquer situação, vivida, falada ou escrita. Chegamos ao fim de um romance onde todos fomos protagonistas: o romance denominado “2003”. No plano individual, quantos sonhos não matamos, quantas ilusões, quantos projetos! Quantos passos perdidos não demos? Quantos erros e quantos pecados? Quanto esquecimento para com aqueles que necessitam mais do que nós, falo do pão material e falo do espírito? No plano público, assistimos a uma guerra das mais cruéis. Um país que se diz democrata a querer obrigar outro – só porque menor e pobre – a sê-lo à força, terroristicamente, contra toda a comunidade internacional. Mas não só isto, destruindo seus costumes, sua religião, sua língua, sua tradição, seu povo. Que contrafação de democracia!

Por que é assim a vida, feita de histórias? um romance?

Nossos dias todos são todos mortos, um a um. As noites são mortas também, uma a uma. Mas, certamente, demos muitos passos certos neste ano, realizamos muitas coisas, muitos desejos, muitos caprichos. Compramos, vendemos, amamos, brigamos, fizemos as pazes; e viajamos, conversamos, lemos, relemos, escrevemos, rimos e cantamos. Os jovens namorando e amando, os velhos pensando e sentindo saudades.

“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” – dizia o Eclesiastes.

Mas estamos, no limiar de 2004 e novas perspectivas se levantam, novas vitórias nos acenam, novos desejos nos perseguem. E sabemos que nem tudo são flores e nem tudo é espinho. Há compensações. Do contrário, quantos sobreviveriam? Vale a pena viver, e viver com dignidade, por isto que uma das nossas tarefas mais ingentes e mais urgentes será lutar pela universalização da liberdade de cada um e por sua dignidade.

Embora digam “os gozadores” que no mundo tudo é passageiro, menos o trocador e o motorista, vemos que nem tudo passa – se esse “tudo” é o bem e o bom, o digno do homem, digno da natureza, digno da grandeza do espírito.

A vida é um romance que se escreve à noite e se lê pela manhã. De trás para frente ou vice-versa. Vamos virar a última página de “2003”, ao qual só voltaremos como memória ou lembrança. Então, viva o romance “2004”, antes que o tempo nos consuma!



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*Francisco Miguel de Moura é escritor e colaborador do Diário do Povo, todas as sextas-feiras.

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