COMEMORAR O QUE ?
Filemon F. Martins
O alagoano Aldo Rebelo, radicado em São Paulo, eleito por quatro legislaturas consecutivas deputado pelo PC do B de São Paulo, em entrevista publicada na revista Primeira Leitura tece uma série de comentários sobre a gestão do PT e seus aliados, inclusive com o apoio do seu partido, o PC do B. Trata-se de um político de respeito, mas a certa altura da entrevista, ele diz: “Devemos buscar na organização da vida partidária limites que protejam os partidos de jogadas e pessoas inescrupulosas e aventureiras”.
O deputado destacou-se como líder do governo Lula nas negociações das Reformas da Previdência e Tributária. Ora, ao completar o primeiro ano de governo Lula, por mais otimista que se queira ser, não encontramos nada que se possa comemorar. Especialmente os eleitores que deram vitória a Lula acreditando que o PT seria o partido das mudanças.
Logo de início, os fatos mostraram que não seria bem assim: Antonio Palocci Filho continuou com a política recessiva de FHC. Programas daqui, programas dali, mas nada de efetivo tem sido feito. A transparência, outrora tão decantada pelo PT, agora não tem mais significado. Basta ler os jornais. A Reforma da Previdência foi tão absurda ao retirar direitos dos servidores públicos, que culminou na expulsão de quatro parlamentares do partido. A Tributária, prorrogação da DRU, que retira verbas da saúde e da educação para pagamento de juros da dívida. Manutenção da CPMF, com a alíquota de 0,38%, quando já estava previsto sua redução para 0,08% a partir de Janeiro de 2004. Enfim, o pobre contribuinte vai continuar pagando proporcionalmente mais imposto do que os ricos e poderosos. E os bancos continuarão lucrando tal como ocorreu nos dois mandatos de FHC.
Voltando a frase do deputado Aldo Rebelo, uma pergunta: quem protegeria os eleitores das jogadas e partidos inescrupulosos e aventureiros ? São 52 milhões de eleitores experimentando o sabor amargo da decepção, com a sensação de que foram traídos todo este tempo, inclusive este escriba, que foi eleitor do deputado em vários pleitos, cujo partido integra e apoia o Governo Federal.
Nesta época de Natal, seria interessante que os nossos políticos fizessem uma reflexão e se perguntassem por que a miséria, o desemprego, a fome, a desigualdade e a descrença aumentaram tanto neste ano ? Não há o que comemorar, porque o sonho de um Brasil mais justo, decente e independente se esbarra na incompetência e improvisação dos que dirigem o destino do País.
Mas a mensagem bíblica nos ensina: “ Há tempo para tudo: tempo de chegar e de partir. Tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de ficar calado e tempo de falar; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou” (Eclesiastes 3.1-2). Aplica-se ao caso.
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