Chiquinha
maria da graça almeida
-Chiquinha está com fome,
Chiquinha quer comer!
Pequena, magrinha,
chorava, gritava
e os pés, um no outro,
inquieta, esfregava.
Hoje, Chiquinha
não quer mais comer.
O tempo passou,
a fome acabou.
Nutriu com amor
seu bom coração.
A cabeça branqueou,
sua pele enrugou.
Os ouvidos ora fracos,
o olhar fosco, opaco
a tiraram do chão.
Magrinha, a Chiquinha,
nas ruas da vida,
então, sucumbiu...
e, na noite mais triste,
tão boa, a Chiquinha
para sempre dormiu...
Chiquinha, em versos,
eis meu manifesto:
na extrema saída,
das pessoas queridas,
mais cruel é a partida.
|