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Humor-->Roriz e uma entrevista com o diabo -- 19/08/2010 - 09:34 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De: Pablo Emmanuel (julho22@hotmail.com)
Enviada: quarta-feira, 18 de agosto de 2010 23:07:42
Para:


Com exclusividade para a Gazeta Saturno, o repórter da sucursal de Planaltina-DF, Tony Copacabana, conseguiu entrevistar o Diabo em pessoa, depois que o candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz, em um comício na cidade-satélite de Itapoã, acusou o Partido dos Trabalhadores de usar a cor vermelha, que, segundo o próprio, seria a “cor do Satanás”.

O encontro foi marcado para as 23h00 do dia 17 de agosto de 2010, contando com o intermédio de um senhor que mora na periferia da capital federal e que, conforme relata o repórter, é o único em Brasília que conjura o Demônio para parlamentar acerca de assuntos políticos. Sua identidade segue no mais absoluto sigilo, para resguardar a ética e a integridade da Gazeta e a segurança de todas as fontes de informação que concorreram para a concretização desse encontro histórico.

Ressalte-se que o Cão chegou na hora e no local marcados, com excelente discrição e elegância, e que assentiu em responder sobre seu possível e insólito envolvimento com o PT e demais partidos correlatos.


Tony Copacabana – O senhor é mesmo o diabo?

Satanás – Você duvida?

Tony – Bom, é melhor irmos ao assunto, não?

Satanás – Acho bom.

Tony – O senhor acha que existe gente que gosta de falar com uma autoridade que não procede?

Satanás – É evidente que essas questões devem ser dirimidas por quem é de direito. Como um cidadão chega num comício popular e afirma que alguma coisa é ou não é minha? Eu não gosto dessas coisas, não.

Tony – Então, para ser mais categórico, como o senhor encara as palavras do candidato Roriz?

Satanás – Se eu pinto o inferno de rosa, vermelho ou bege, ele não tem nada a ver com isso. Quem foi que disse que eu só uso vermelho? Não sabe ele que o artista conhece a mistura de todas as nuances e sabe obrar com a têmpera ideal naquilo que ele entende ser conveniente? Ele acha que o sangue de Cristo, por acaso, era azul quando verteu de cima da cruz? O ignorante não merece condescendência. Eu sou uma pessoa estudada e viajada. Não é pelo fato de ter sido retirado de um lugar sagrado que eu perdi minhas virtudes conquistadas bem antes da decisão divina, contra a qual até coube recurso na época, aliás.

Tony – O senhor acha que essas coisas queimam seu filme?

Satanás – Porra, totalmente, cara... Que é isso? Eu não ponho palavra minha na boca de ninguém, pelo contrário. Ou você pensa que eu coloquei cordinhas na mandíbula do Roriz para fazer ele dizer aquilo tudo? Me respeita, pô... Como você mesmo percebe, esses caras me queimam.

Tony – O senhor é um artista?

Satanás – É óbvio. Eu não somente consigo usar todas as cores, mas como todas as faces que existem no mundo, todas as roupas, incluindo todas as formas de beleza capazes de seduzir as pessoas.

Tony – Beleza? Como assim?

Satanás – Antes da minha derrocada, quando vivia em estado de anjo, eu adquiri incríveis habilidades. Você acha que eu gosto de coisa feia, de cara feia? Eu sempre soube prestar atenção nas atitudes das pessoas primeiramente, bem antes de tomar qualquer decisão. O meu problema foi ter me revoltado, entendeu? Aí, eu me fodi. Mas, antes de tudo o que aconteceu, aquele problema com Deus, com Miguel e Rafael, enfim, tudo isso foi questão de hermenêutica da coisa.

Tony – Que chique!

Satanás – Pois é.

Tony – Correto... O senhor intervém na vida humana, como dizem, para fazer o mal?

Satanás – Deixe de ser besta, rapaz. Até Deus, quando quer, faz o mal. Veja bem: eu sou uma pessoa como você. É capaz de você me encontrar na rua, como qualquer outro ser humano, entendeu? É tudo normal pra mim, cara. Não tem nada de sobrenatural. E eu não faço nada que as pessoas não façam antes de mim, esse é o cerne da questão.

Tony – O senhor já tem candidato para as eleições de 2010?

Satanás – Em primeiro lugar, até para desmoralizar esse senhor aí... como é o nome?

Tony – Joaquim Roriz...

Satanás – Sim, é esse... Deixa ele... Mas, voltando, eu quero dizer que eu sou apartidário. Como posso ser reivindicado de um lado se eu posso jogar em todos os lados, e com todos eles (sic), vestido na roupa que eu quiser e com a cara que eu quiser? Roriz é um burro chucro, rapaz. Aquilo caga dinheiro. Você vai lá na fazenda dele, ele fica lá, de óculos escuros, olhando a imensidão da terra, como se fosse um gado procurando erva boa para pastar.

Tony – O senhor poderia ser mais objetivo?

Satanás – Eu não voto em partido de bandeira vermelha nem de bandeira azul, verde, roxa, nada disso. Sou apartidário.

Tony – O senhor não gosta de política, é isso?

Satanás – Eu gosto é de curtir, rapaz.

Tony – O que o senhor acha do povo?

Satanás – (risos).

Tony – O senhor demonstra muita segurança em suas idéias e me deixa muito à vontade para conversar. Que poder é esse?
Satanás – Eu jamais me ligo às quimeras humanas, às paixões e ao tédio desenvolvido pelo tempo. Eu não tenho noção de tempo, e por isso sou feliz. Coisas como juventude e velhice, pra mim, não fazem diferença. Eu penso conforme o tempo dos homens, e a decisão que eles tomam. São eles os culpados. Eles atribuem a mim o que existe naturalmente na memória ancestral que carregam no sangue. Eu não vou lá e peço pra fazer, entendeu? Os outros é que dizem que eu chego lá na hora e faço. Isso é uma calúnia, cara.

Tony – O senhor aceita um cigarro?

Satanás – Ah, sim, por favor.

Tony – É verdade que o PT tem um pacto com o senhor?

Satanás – Só por causa da cor vermelha da bandeira dos caras? Eu não tenho pacto nem chapa, meu chapa: eu tenho contrato, e até dentro da igreja. As cláusulas são muito claras. Eu não ajo. Fico apenas de suporte quando as coisas dão errado. Tento fazer a defesa, mas nunca estimulo o ataque.

Tony – O senhor é foda, hein?

Satanás – A banda toca do jeito que as pessoas querem, não do meu jeito. Eu tenho o meu próprio jeito e não ponho palavras minhas nos lábios alheios. Sou homem o suficiente para falar por mim mesmo, assim ó, na cara.

Tony – É verdade que o senhor esteve com os comunistas durante esses últimos 8 anos aqui no Brasil?

Satanás – Eu já li Carlos Marques e Frederico dos Anjos, Vlad Lênin, João Loque, Adão Chimite etc. Eu optei por ficar com ninguém. O comunismo remove a autoridade. Como posso aceitá-lo? É no capitalismo que eu gosto de apontar os vexames. É um regime que não tem virtudes, a não ser a de permitir que o cidadão pense e fale o que quiser, principalmente a coisa mais insalubre do mundo. Eu me divirto!

Tony – O que o senhor pensa em fazer com o candidato Joaquim Roriz, que anda dizendo que os outros têm modos de agir que supostamente são seus?

Satanás – Eu vou dar corda pra esse cara. Deixa ele comigo, rapaz. Quando eu recebi a alma de Carlos Lacerda no Inferno, esse queria me derrubar lá também, usando os artifícios que tinha usado contra homens públicos de outrora. Mas depois ele ficou reto comigo. Aprendeu a conversar direito. O mesmo vai ser com o Roriz. Na minha casa ninguém levanta a crista.

Tony – O senhor parece não tolerar mentiras, não é?

Satanás – Eu não inventei a mentira. Vocês é que inventaram coisas mentirosas a respeito de tudo, inclusive de mim. O Roriz, por exemplo, é um cara que está fodido com isso. Quem inventou o Roriz? Foi você que inventou?

Tony – Eu não...

Satanás – Pois é... E acho que já conversamos demais, moço. Isso é assunto já dado por assuntado.

Tony – Só mais uma pergunta, a última, aliás: como o senhor vê essa aliança entre PT e PMDB em Brasília?

Satanás – Quero que você entenda uma coisa, de uma vez por todas: seja quem for o vencedor, eu vou estar lá na festa. Você conte com isso.


Gazeta Saturno, 18 de agosto de 2010

Reportagem de Tony Copacabana

Outras notícias em: www.gazetasaturno.df.net.br

Na ocasião, aproveite e participe da enquete: “Roriz volta ao Buriti ou não volta?”, e concorra a um automóvel Tiguan.


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