Usina de Letras
Usina de Letras
148 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->D. - V. -- 09/01/2002 - 05:01 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Amor, amor, amor,

amor que nunca se acaba,

amor que, se ele desaba,

fá-lo-á morrer de dor.



Isso aí é do meu amigo Bocage:

aquele mesmo beberrão de cerveja

e de outros álcoois

e que joga no palito a despesa

e paga muitas vezes.



Bêbedo,

inteiramente transformado,

ele, o lírico Bocage, bêbedo,

e por quê?

Porque lhe levaram a mulher que se lhe havia recusado,

porque só sabe dar amor.;

não há quem lho dê.

Talvez queira o impossível,

ou, talvez, não saiba receber o amor.

Fato é que é lírico

e, por isso, bebe.;

pensa e bebe.;

pensa, fala e bebe.;

e é o melhor contador de piadas que conheço!

É tragicômico —

ou melodramático?

Sim, sua alma canta, vibra, transmuda-se

e ele sofre

a dor mais dolorida: a dor da alma.;

mas ri, tristemente, é certo,

mas ri,

e consegue ver o bem no mundo,

embora não veja Deus.

Ó Bocage, só agora consigo compreender-te!

Ó meu amigo,

só agora começo a sofrer contigo,

pulsar junto ao teu o meu coração!

Pérfida mulher: culta e ignorante mulher,

que lhe custaria volver os olhos ao meu amigo,

levantar a cabeça para poder vê-lo, tão alto ele está?

Seria dar-lhe a vida inteira?

E que importância tem o fato quando a transmudação do mundo para ela ele saberia mostrar?

Mulher, mulher — loira e delicada mulher —

perdeste a felicidade quando não no quiseste.

É pena, porque existe para ele agora o sofrimento.

Fizeste mal, ó mulher,

abriste a porta da descrença ao meu amigo,

a Bocage,

ao lírico,

ao bêbedo de hoje.



E como ele a seguia com os olhos,

e segue,

e o carinho de seu olhar.

e a vontade da súplica,

a voz e a fala revoltada que hoje tem,

e as injúrias que ele lhe diz...



Amor, amor, amor,

amor que nunca se acaba,

amor que, se ele desaba,

fá-lo-á morrer de dor.



15.10.58.





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui