Voarei para além das cordilheiras e deixarei um ninho ao céu pronto para ser abarcado pela natureza sem interferência humana. Sou desalmado, sou águia com voos de grandes altitudes e deixo meu breve estar pois o que sou, não permite permanência. Sou a demência de um vóo sem plano, de um Norte sem o sul, de um leste sem oeste. Os pensares são cardinais e minha angústia acentua a brevidade do fato de existir ao céu, pelo céu, ao leo, sem as amarras das leis humanas que me quantificam pelos pecados cometidos. Se bem soubessem, não me limitariam dentro de uma escala da mediocridade tão aprazível aos sabores disponíveis. As asas reclamam por mais vóo de uma queda contínua rumo ao cenário gladiador entre a vida e a morte, e se sorte tiver, serei poupado deste capítulo assustador. Retorno ao vóo crespuscular que me conduz a enormes penhascos por entre as falésias que aos poucos se deixam despir pelo mar. Que mar! De infinitas possibilidades e destinos que simultaneamente provocam meu recuo para bater nas paredes e deixar meu corpo incrustado para algum dia, alguém que lembre possa revelar minha imagem e dessemelhança ao homem mortal.