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Contos-->Fronteiras (um conto futurista) -- 13/11/2001 - 01:35 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ano é 2054. Houve uma reviravolta na Ordem Mundial. A bolsa de Nova Iorque quebrou na segunda década do milênio. Quebrou literalmente. Rachou ao meio. Despencou. Restauram poucos prédios da antiga capital do mundo. Os EUA sucumbiram às centenas de ataques suicidas. Sua poderosa indústria bélica virou pó. Ratos e baratas são os verdadeiros donos do país. Dominam tudo. Da Europa, só a Turquia tornou-se próspera. Osama Bin Laden foi fuzilado no centro de Cabul, sem piedade, no ano de 2012. Fora acusado de traidor do Islã pelo novo governo afegão, que o considerava muito liberal. A África e a América Latina brigam entre si para comandar os rumos da humanidade. A sede do que equivale à antiga ONU fica em
Adis-Abeba. Em compensação, o centro financeiro do planeta foi erguido na poderosa e onipotente Avenida Raimundo Nonato, em Juazeiro do Norte.

O superaquecimento da Terra produziu fenômenos inimagináveis há algumas décadas. Uma onda gigante engoliu o Japão. E isso, aliado à decadência americana e européia, fez com que a tecnologia de produção de carros e eletrônicos fosse transferida para o Paraguai. No Brasil, o clima deu uma pirueta. Sul e Sudeste padecem com os martírios da grande seca intermitente. Aracaju é o pólo industrial do país. O antigo sertão nordestino se transformou num imenso vale verde. São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro exportam craques de futebol para o CRB e o Tiradentes, que alternam o título de campeão brasileiro de anos em anos. Petrolina tem os melhores restaurantes do Brasil. Caicó abriga teatros e museus conhecidos em todo o mundo. As sedes das maiores instituições financeiras instalaram-se, ironicamente, na cidade de Paulista, Pernambuco. Apenas dois partidos disputam as eleições no país: o Partido Democrático Social e o Partido Social Democrático. Nunca se viu uma estabilidade política tão duradoura. Exceto por um problema de ordem sócio-econômica que eclodiu com o decreto do atual presidente da República, João Augusto Liberato. Sim, o filho do apresentador Augusto Liberato, o Gugu.

Será construída uma imensa muralha. A Muralha do Jequitinhonha. As correntes migratórias do Sul, mais a invasão dos americanos e europeus fugidos de seus países, superlotaram as grandes cidades do Norte. Não há mais trabalho para todos. E o governo federal se comprometeu a investir pesado no Sul-Sudeste para promover o desenvolvimento da região. Foram prometidas verbas para o combate à seca e para incentivar o turismo. Milhares de cestas básicas serão distribuídas através de ONGs. A sede do Governo, em Belém, promete também avaliar a possibilidade de autorizar a criação de zonas de produção protegidas do fisco. Uma delas já está em funcionamento. É a Zona Franca de Curitiba. Mas a grande imprensa nordestina suspeita de que as vultosas verbas não chegarão ao seu destino original, como vem ocorrendo nos últimos anos. Políticos corruptos do Sul vêm desviando dinheiro, cestas básicas e maquinário agrícola. Tudo comprovado, mas cadeia que é bom, nada.

Tem sorte quem foi para a região mais rica do país antes dessa situação. Não são tratados com a dignidade merecida. Mas pelo menos têm um emprego. A indústria da construção absorveu boa parte dessa população. Em Salvador, muitos conseguiram trabalham como biscates ou garçons. Recife tem mais paulistanos do que São Paulo. O duro é conviver com o preconceito dos nordestinos. Quando alguém comete um erro é taxativamente chamado de paulista. Ou carioca.

- Tinha que ser carioca pra fazer uma cagada dessas...




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