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| Poesias-->Deuses de lata com pés de borracha -- 08/01/2002 - 12:46 ( Andre Luis Aquino) |
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Às vezes tenho que ser cego
Para não ver a pobreza
Para não ver a fome
Fugir das imagens, esconder-se no ego.
Ás vezes se tem que mentir
Negar, dizer que não tem.
Dinheiro nem pão para repartir
Mesmo que tenha um ou cem
Se alguém tem culpa
Ninguém irá saber
Todos têm uma parcela dela
A começar por mim
Somos governados por deuses de lata
Com pés de borracha
Controlados por uma caixa preta
Ladeada de um vidro prata
Ganhamos a vida com nosso suor
Esperando uma absolvição
Que nunca virá
De um Deus feito de amor
Saímos da selva verde
Para a selva cinza
Subíamos em arvore
Agora subimos em prédio
Éramos felizes por comer
E hoje morremos de tédio
Por viver
Alguma coisa está errada
Nos nossos valores
Alguma coisa precisa ser feita
Antes que seja tarde demais.
Para se voltar atrás.
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