A questão é: A Alca, como modelo neoliberal de ações comerciais entre as Américas, a princípio, possibilitará o aumento das vendas de nosso comércio no exterior, com bons rendimentos em dólar, ou será um grande problema, com falência múltipla das indústrias nacionais, abocanhadas pela tirania do capitalismo norte-americano?
Sabemos que, para essas perguntas, não há respostas no momento, todavia, vamos tentar entender um pouco mais deste surpreendente plano de união comercial entre as tão diferentes Américas deste continente.
A Alca é um plano desenvolvido pelos Estados Unidos que propõe a unificação comercial de todos os países americanos, com a quebra de limites territoriais e a diminuição, ou mesmo, a extinção de impostos pagos entre as nações participantes. Desta forma, aqueles que aderirem ao programa, poderão vender e comprar entre si, não havendo a necessidade de se pagar impostos, e o turismo poderá ser feito sem a emissão de passaporte, como se todos fizessem parte de um único país.
No papel, a idéia parece genial, pois ao facilitar a concorrência interna com produtos externos, a inflação não subirá e os preços permanecerão estáveis, por muitos anos. Entretanto, o receio que se tem é que as indústrias norte-americanas, por terem acesso à tecnologia de ponta e produzirem mais e com a qualidade, por diversas vezes, superior ao de muitos países latinos, dominem o mercado global.
Não vendendo, a indústria local fecha a porta, o desemprego e o subemprego disparam, empobrecendo ainda mais as economias periféricas. Os únicos a lucrarem com esse projeto serão os norte-americanos, os mais interessados na instalação e consolidação da Alca.
Países como o Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, que formam um poderoso bloco regional, denominado Mercosul, defendem que as regras da Alca devem se aproximar das do Mercosul, que defendem setores estratégicos dos países aliados e permitem concorrência leal em segmentos que ameaçam a estabilidade da economia.
Para pressionar a instalação da área de livre comércio, inicialmente prevista para 2006, os norte-americanos propagam aos quatro ventos que os países que não aderirem à proposta serão isolados com o tempo e perderão linhas de créditos importantes às áreas sociais e tecnológicas.
Seja como for, devemos ter consciência ao assinar o respectivo acordo e muita coragem ao defender nossa posição como líder sul-americano, caso contrário acabaremos como o México, subservientes, por necessidade, aos desatinos da Casa Branca.
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