Li um artigo de Mario Sabino, onde ele discorre como é ridículo discutir mil novecentos e sessenta e quatro como se fosse um assunto atual, porque se passaram cinquenta e quatro anos. Imagine você se em sessenta e quatro, os brasileiros estivessem debatendo na imprensa o que ocorreu em mil novecentos e dez. Quer dizer que hoje falar de cinquenta e tantos anos atrás não é relevante aos rumos do país e por aí segue...
Paro eu por aqui para dizer não da ideia do texto e sim de algumas palavras que encontrei, a ponto de mesmo eu entendendo pelo conteúdo, eu me obriguei a uma visita ao Dicionário Houaiss. Como vocês sabem, eu anoto o que acho interessante para uma crónica e espero que saia esta, sempre com a ajuda do mesmo dicionário.
Começando por déspotas, que até eu sei do que se trata, mas digo que é aquele tirano, que domina por autoridade arbitrária, imposição. Temos alguns governantes e também no nosso dia a dia, busquem pela memória aqueles que vivem se impondo, pronto já temos um nome para defini-los melhor. Tem de todo jeito, até esclarecidos.
Agora, leiam esta frase do artigo: "Seu comportamento está menos suscetível à s vivandeiras, que vão bulir com os granadeiros nos bivaques..."; no momento da leitura até entendi, porém compreendendo só depois do dicionário. Vejamos: Vivandeiras melhor traduzido por membros da classe política civil que provoca desentendimentos entre os militares. Granadeiros, lançador de granadas, ou melhor, como pertencente a corpos de elite na infantaria. Bivaques, acampamentos provisórios e bulir todo mundo sabe o que é. Tarefa de casa - traduzir a frase com as definições do dicionário, que passei.
Chiii, vai ficar chata esta crónica, continuemos mesmo assim porque tem mais e mais uma frase do artigo: "Pode-se duvidar de que ele tenha realmente atravessado o livro, mas fica evidente o bovarismo..."; bovarismo? Sim, é a tendência que certos indivíduos apresentam de fugir da realidade e imaginar uma personalidade, ou condições de vida que não possuem, passando a agir como se as possuíssem. A frase versa sobre certo político que se acha ser Getúlio, outro político que não se achava ser ditador. Ver déspota.
Seguindo com outra frase: "Gesto que propiciaria hagiologias oportunistas..."; hagiologia é discurso a respeito dos santos e esta palavra entrou no artigo devido aos dois políticos da análise se acharem santos. Vide bovarismo.
O artigo do Mário Sabino, na verdade, traz outro de um General e daí termos militares aparecerem. A leitura é muito interessante, porém não é fácil não. Vocês o encontram pesquisando pelo Google.
Darei a frase final do artigo completa como está lá: "Se é para discutir acontecimentos de décadas atrás, eu recuaria até os anos trinta. E ficaria mais preocupado com o bovarismo de Lula em relação a Getúlio Vargas do que com os encómios de Jair Bolsonaro aos Hermes da Fonseca de sessenta e quatro.". Encómio é uma fala ou discurso em louvor de alguém; ficaria mais fácil escrever elogios.
Depois da leitura deste artigo, ao ler outros fui anotando outras palavras e uma delas, que não me lembro de onde é - "pantomima", que é a arte de representar exclusivamente através de movimentos corporais. Pode ser também mentira ardilosa; embuste, logro. Puxando pela memória a pantomima do que li se encaixava na mentira.
De outro texto anotei - "O efeito Dunning-Kruger"? É o fenómeno pelo qual indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto acreditam saber mais que outros mais bem preparados, fazendo com que tomem decisões erradas e cheguem a resultados indevidos; é a sua incompetência que os restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros.
Não sofram deste efeito e neste domingo, vinte e cinco de onze de dezoito, estou achando que tenho bovarismo, pois vivo me achando inteligente, simpático, bonito e podre de rico, além de achar esta crónica boa. Aceito encómios.
