O Poeta Cíclico
lílian maial
O sol penetra-me
com a violência do fogo
e a abrangência da luz.
Aquece-me ao evaporar-me.
Volto nuvem
em céu de tempestade
e chovo.
Alago ruas,
transbordo rios,
inundo mentes secas,
preparo o solo,
fertilizo e planto-me.
Cresço forte,
raiz e caule,
respirando fotossíntese
de versos verdes,
floresço.
Desabrocho
em trovas e sonetos
e alimento de pólen a primavera,
multiplicando, espalhando vida.
Viajo no vento
e pouso na terra prometida,
páginas de poesia não lida.
Aguardando que o sol
novamente penetre-me.
|