O besouro.
O garoto caminhava pelo bosque
Quando viu um besouro na grama.
- Veja como aquele besouro corre!
Será que sabe por onde anda?
Correu o garoto atrás do besouro,
Até que o besouro cansou-se, claro.
Três passos tinha dado o garoto,
E o inseto voar tinha tentado.
Mas não fugia daquele gigante,
Perseguia uma pequena formiga
Sentindo com antenas radiantes
Sua possível refeição do dia.
O garoto ficou indignado,
Tamanho besouro, tão covarde!
Aquela formiga nem tinha notado
Estar tão perto da morte.
E o besouro decidido atacou
Aquele pequeno e inofensivo ser.
A formiga só então o notou,
Pondo-se logo a correr.
Tão pequena, porém, não tinha chance,
O besouro já a tinha ao seu alcance.
Mas o garoto, em um instante,
Salvou a formiga vacilante.
Com ódio do besouro entre seus dedos,
Que cometeria tamanha covardia,
Quis logo espremê-lo,
Mas sentiu que a orelha lhe doía.
- Largue esse besouro, moleque!
- Mas mãe, ele ia comer a formiga!
- Vá tomar banho e passe até cotonete,
Ou não vai encher a barriga!
Soltou o besouro a contragosto,
Seguiu a mãe até a banheira,
Lavou os pés e o pescoço,
Obedeceu, e lavou a orelha.
Ao comer, pensou na formiga,
Naquele besouro insignificante,
Na mãe, que lhe salvara a vida,
E viu que o mundo é dos grandes.
|