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Cartas-->PONTOS DE VISTA SOBRE O PONTO -- 11/02/2002 - 21:12 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PONTO

Escrever sobre o ponto, em princípio, assustou-me. E isto porque o ponto dá a idéia de final. Do que já foi escrito. E um ponto seria um ponto. E ponto. Acabaria assim a redação ou o artigo, como queiram. Mas, refletindo um pouco mais, cheguei a conclusão de que o tema é interessante. E bem mais abrangente do que se supõe. Difícil até de se estabelecer limites. Por isso resolvi aceitar o desafio. E convido o leitor para esta jornada.

O ponto de partida será a exploração do tema sobre vários pontos de vista. É ponto de honra estabelecer um conjunto de idéias que guardem, entre si, alguns pontos de convergências, a fim de evitar divagações estéreis que possam induzir ao fastidioso caminho da prolixidade.

Para tanto, solicito a necessária paciência do leitor. Aposto na sua curiosidade. E torço para que, juntos, possamos “viajar” até o ponto final desta história, aparentemente inusitada, com o propósito de atingirmos o seu ponto culminante. É como escalar uma montanha. Não sabemos como e nem mesmo se chegaremos lá. Mas temos um ponto de mira, um objetivo, que é o de atingir o seu ponto mais alto. E é prá lá que nós vamos.

A promessa é tornar a viagem a mais agradável possível. Procuraremos, juntos, estabelecer razoável ponto de equilíbrio entre as expectativas de escrever sobre algo cujos limites ainda não sabemos, e até que ponto poderemos fazê-lo. Começaremos por tentar definir o que seja um ponto.

O ponto é mais do que um simples sinal de pontuação com que se encerram períodos, idéias ou pensamentos. Uma de suas características é a de ser um vasto campo de conotações entre coisas e idéias. Possui, o ponto, por isso mesmo, múltiplos empregos, que ajudam a compreender melhor as coisas e os fatos. Sua forma é, geralmente, a de um pequeno sinal de forma circular, semelhante aquela que a ponta do lápis imprime no papel. Digo em princípio porque o ponto é, no mais das vezes, visto à distância e, sendo assim, ele sempre se nos apresentará sob a forma de círculo.


O ponto faz parte do nosso quotidiano. Ele interfere, também, nos aspectos de ordem física e mental. A vida agitada de nossos dias, repleta de pontos de impacto, nos deixam, muitas vezes, sem um ponto de referência. Sentimos apenas alguns sintomas. Dor de cabeça, sensação de frio, moleza e apatia. Nestas horas surgem os pontos de fuga da realidade. É quando entramos no ponto crítico da questão: e procurando entendê-la, adquirimos o estresse, a depressão e a solidão. E as doenças começam a ganhar corpo.


Há inúmeros outros pontos que permeiam o nosso dia-a-dia e que passam despercebidos. O ponto de ônibus, o ponto onde registramos a presença ao trabalho. O ponto de jogo de bicho, onde fazemos nossas apostas. O ponto de táxi mais próximo de nossa casa. O ponto de macumba, para os adeptos da religião. O ponto que o sapateiro emprega para aumentar o tamanho de nosso sapato apertado e assim por diante.

Há, ainda, os pontos que ora nos alegram, ora nos entristecem: são os pontos que aprovam ou reprovam nossos filhos na escola; os pontos obtidos nos jogos da lotérica; os pontos vermelhos do sarampo que aparecem e desaparecem no corpo de nossos filhos; os pontos cirúrgicos que costuram cortes e unem tecidos; o ponto em que paramos a leitura de um livro; o ponto de mira, no sentido da direção ou da decisão que às vezes somos obrigados a tomar; a apreensão sobre até que ponto teremos chances de reverter esta ou aquela situação, enfim, vários pontos e uma certeza: a de que em qualquer situação não se pode entregar os pontos; ao contrário, faz-se necessário colocar os pontos nos is, sem dar ponto em nó, para não complicar.

Mas o ponto é algo mais importante do que se imagina. Ele acompanha a humanidade desde o início dos séculos. Segundo os cientistas, o universo era apenas um ponto isolado na galáxia. Até que veio a explosão descrita na famosa Teoria do Big Ben. Nesta hora, a escuridão foi invadida por uma forte luz, que resultou no aparecimento de milhares e milhares de pontos brilhantes. Eram as estrelas e os demais astros. Estrelas e astros que passaram a guiar os passos da humanidade.

Foi seguindo estes pontos luminosos que os três Reis Magos encontraram o filho de Deus, há cerca dois mil anos. E foram guiados pelos astros que os primeiros e grandes navegantes descobriram e exploraram novas terras em nosso planeta. Assim foi descoberto o Brasil. Assim descobriram as Américas.

E quando Cabral aportou em terras brasileiras, o ponto de referência foi o Monte Pascoal, onde foi rezada a primeira missa. Os portugueses verificaram que no Brasil existiam os indígenas, que se valiam de pontos brilhantes para orientar suas atividades de caça, pesca, plantio e colheita. E foi através de pontos luminosos que os índios desenvolveram suas crenças e seus mitos. E o sol e a lua passaram a ser pontos de adoração.

Hoje, mais do que nunca, não se vive sem o ponto. Ele está por toda a parte. Nos milhares de cheques, notas promissórias, faturas e duplicatas que são preenchidos diariamente, dividindo os valores por casas decimais. Nas páginas dos jornais, e em todas as correspondências, eles estão presentes, finalizando frases, parágrafos ou definindo os percentuais de inflação, de quedas e altas de moedas estrangeiras, de ações nas bolsas de valores e de juros praticados pelo sistema financeiro nacional.

E já se fazem presentes na era da informática, no mundo da Internet, no tempo da comunicação global. O ponto invadiu as páginas dos endereços eletrônicos, colocando-se depois dos “www” e da arroba, e antes dos incontáveis “ponto com”, “ponto gov” e “ponto br, para ficarmos apenas no Brasil. .

As conclusões a que chegamos são duas: primeiro a de que o ponto, realmente, é muito mais do que um simples ponto, conforme pensávamos no início de nossa viagem. Depois, a certeza de que o ponto final não existe. Ele só existe enquanto ponto parágrafo, a partir do qual passamos para o parágrafo seguinte. E a vida continua até o seu ponto culminante, a morte.

Nesse momento, assinalamos mais um ponto parágrafo e iniciamos uma nova vida. Desta vez num ponto mais alto e mais divino. Mais precisamente no céu, junto de Deus. Deus que é, por Sua vez, o ponto de partida para uma nova vida, a vida eterna. E assim chegamos ao ponto de entendimento do cerne da questão principal: o ponto é o início, o meio, o fim e o recomeço de um ciclo infinito. Por isso, podemos afirmar, não existe ponto final. Nem esse que aqui se coloca para concluir este artigo, que, certamente, não será o último, como não foi o primeiro. Será, quando muito, o penúltimo.


Domingos Oliveira Medeiros
10 de fevereiro de 2002






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