Brasília, DF, 25/01/2011.
Ao articulista
Carlos Alexandre, do Correio Braziliense.
Ref.: Descaso na Ponte (CB, 25/01/2011, Opinião)
Parabéns, Carlos alexandre! Muito bom artigo. Louvabilíssimo o exemplo da Ponte Rio-Niterói.
Cordialmente,
Benedito
Resposta:
Agradeço pela gentileza, Benedito.
Espero que o episódio sirva de alerta para que não ocorram acidentes mais graves.
Abraço.
Carlos Alexandre
______
(*) Eis o texto:
Descaso na ponte
Carlos Alexandre
carlosalexandre.df@dabr.com .br
A interdição da Ponte Juscelino Kubitschek, oito anos depois de inaugurada, causa vergonha para o brasiliense. Descontada a complexidade da construção, é injustificável uma via suspensa com pouco mais de 1,2km de extensão e tráfego diário de 30 mil veículos sofrer avaria grave em tão pouco tempo. Como está comprovado que jamais houve manutenção séria da ponte desde 2002, temos aqui mais um caro exemplo de desleixo — no valor de R$ 180 milhões — da administração pública com a capital federal.
Brasília ostenta o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, mas a cidade não resiste a meros 50 anos de existência. Os seguidos administradores se envolvem na realização de grandes obras, mas o que está erguido mergulha na decadência. Basta lembrar os meses de interdição da Catedral de Brasília, o asfalto cronicamente falho no Plano Piloto, o malcuidado Teatro Nacional, o fechamento do Cine Brasília, a agonia da W3, etc…
A capital projetada por Lucio Costa e por Niemeyer caiu na vala comum das cidades brasileiras, em que o poder público mantém a tradição de se omitir na tarefa de zelar pela viabilidade urbana. Pavimentar ruas, iluminar praças, vistoriar prédios, verificar pontes… a desatenção com essas práticas rotineiras põe Brasília no mesmo patamar de centros urbanos expostos a intempéries que podem se tornar catástrofes.
A crise aguda na saúde parece tomar a principal atenção do atual governo. Mas é oportuno repetir antiga reivindicação: adote-se o quanto antes uma política de preservação e manutenção do projeto urbanístico brasiliense. Também na semana passada, um edifício da Advocacia Geral da União, no Setor de Indústrias Gráficas, foi interditado sem nenhuma causa aparente. Alguém pode garantir a segurança de outros prédios públicos?
No caso da Ponte JK, não faltam exemplos de trabalhos de monitoramento sobre construções com enorme impacto urbano. A Rio-Niterói, inaugurada em 1974 e com 13km de extensão, é referência em termos de longevidade no contexto brasileiro. Caso se prefira estudar a modernidade, recomenda-se o exame da Ponte Octávio Frias de Oliveira, inaugurada há dois anos em São Paulo. Para evitar novos vexames, nada como modéstia e prudência.
|