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Artigos-->Parafernália Teratoscópica -- 10/12/2003 - 11:27 (Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parafernália Teratoscópica

EM HOMENAGEM A ANDRÉ DUARTE (* 1972- + 2003)





“Por mais que eu deseje descer ao Inferno, as luzes estão apagadas, não há ninguém em Casa e amanhã todos ainda estarão bêbados demais para serem capazes de me receber”.

VINDIMA -- 18/03/2000 - 15:29 (André Duarte)





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Não digo que Sarah, a loura, tenha deixado escapar seu segredo por entre as pernas. Sarah, a loura, só não loura, quanto o nome, Sarah), antes de ir embora, disse-me: "Você pode até não acreditar em Deus, mas nunca, nunca, adore o Diabo." Eu respondi apenas um meio sorriso vago e desprovido de significado sem me preocupar em descobrir se deveria pensar mais sobre o assunto.

SARAH, A LOURA

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“Havia uma ansiedade contra a qual lutar faria com que o pequeno Alex parecesse uma criatura ridícula, debatendo-se em espasmos e socos inutilmente desferidos em direção a um inimigo invisível e zombeteiro. E esse animal imaginário, com o qual se enriquecia a atemorizante coleção de seu bestiário infantil, escondia-se, estampava-se em cada rosto, dissolvia-se e retornava, pregando-lhe um susto, surgindo de dentro dele, subitamente, expondo a horrível face e um sorriso doentio (um misto de ferocidade e do prazer nela contida e, ainda, o deboche), por dentro da sua camisa, junto a ele, como um apêndice vivo e monstruoso, enfiando-lhe o dedo pelo nariz, fazendo-o suar em meio aos calafrios. A mãe trazia-lhe um doce, que praticamente fora forçado em sua boca, o animal desaparecia. Enquanto Alex mastigava sem vontade a guloseima, que se agarrava a seus dentes e céu da boca numa tentativa desesperada de não ser lançada ao fosso escuro, a mãe arrumava a roupa nova e amarfanhada, dentro da qual ele sentia-se oprimido:



--Hoje é dia de ficar bonito, bobinho... Tem de tomar mais cuidado com a roupa... “





UM FELIZ E INUSITADO ENCONTRO COM PAPAI NOEL -- 15/04/2000 - 17:48 (André Duarte)

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“As flores estão próximas. Posso encher meus olhos com esta visão desconcertante. Penso distinguir em meio à grama pisoteada um punhado de pequenas flores de coloração exótica, talvez somente possíveis em um mundo de sonhos ou em momentâneos delírios. Seriam lindas e teriam justificado tudo o que senti, teriam conferido um sentido, mesmo que suficiente apenas para um pequeno instante fugidio de minha vida, se fossem realmente flores; se não fossem somente manchas do flúor cuspido pelos alunos da escola após o programa de higiene bucal oferecido pela Prefeitura.”



PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES, André Duarte

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“Nesses últimos dias ouvi num noticiário que dez pubs londrinos, daqueles bem tradicionais, planejam oferecer um novo serviço no mercado gerado pela morte. O referido serviço consiste em, expressando o morto (com alguma antecedência, evidentemente) o desejo de que assim seja feito, ser o corpo e as cinzas depositadas numa urna funerária (até aqui não há novidade). E essa mesma urna contendo as cinzas do antigo cliente seria armazenada, ou exposta, no interior do próprio pub que o morto costumava freqüentar com seus amigos, acompanhada de uma placa convencional de lembranças eternas.



Qual seria o motivo gerador desta iniciativa que representa de maneira bastante expressiva o aspecto essencialmente tragicômico das nossas existências vãs? Sim, o dinheiro seria um motivo. Parece claro que os donos de pubs pretendam aumentar e manter uma frequesia constante ao tentar transformar seus estabelecimentos comerciais numa espécie de ser híbrido, meio templo báquico, meio "funeral home". Mas a oferta de um produto ou serviço no mercado não deve considerar apenas o desejo do ofertante enriquecer. No outro lado da equação deve existir uma expectativa, anseio, necessidade prévia ou forjada pelo mercado e pelo consumo com as quais o produto ou serviço deve manter uma certa correspondência. Ou, como se costuma dizer: "deve-se buscar a satisfação do cliente". Neste caso, mesmo que ele já esteja morto. Qual é, então, a necessidade a ser satisfeita? O anseio do morto, enquanto vivo, de ser lembrado, celebrado e homenageado após sua passagem para o estado de inércia radical. O fim proposto por esta iniciativa não difere do dos demais cemitérios convencionais, a não ser por um atrativo sui generis que marca o tom da novidade.”





"A MORTE É UMA FESTA" -- 19/03/2000 - 23:56 (André Duarte)





OBS.: Texto originalmente publicado no jornal "O PLENÁRIO", 30/out.-15/nov. 1996, p. 2, Belo Horizonte.



Visite também a HP Sarapatel dos Estetas - http://sarapatel.cjb.net



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No quarto / silêncio inodoro / insípido / incolor / como água / não / uma opacidade gelatinosa / nem transparente / nem sólida / aderente / talvez / pegajosa / invisível / no entanto / está presente / um incômodo / uma sensação / um melindre apenas / talvez / porém / não / parece real / como sendo através de um copo / em filigranas / impressões gordurosas / um desvio no olhar / flutuando / boiando / contorcendo-se em meio à / ... / falta ar / fumaça gris aprisionada em um balão / cinza-azulada / etéreo condensando-se / meu corpo revolucionando em meio à / ... / é espelho / é através / além / aquém / dentro e fora / espelho de duas lâminas / refletindo / buraco-negro / superfície de dúbia natureza / esquizo... / esfacela-se e reagrupa / condensa e contorce / larvas gordas e brancas / sem olhos / translúcidas / há sombras também / múltiplas dimensões / conjugadas / há luz e sombras / e ranger de dentes / e melodias escorregadias distantes / como derretendo lentamente / como um creme espesso ressecando sobre a toalha da mesa / ressecando / e migalhas / e cacos / e / talvez / caleidoscópios / quem sabe / há entidades amaldiçoadas num limbo / aprisionadas / gemendo / desfocadas / uma névoa que sobe do rio e envolve as árvores / gritos surdos e ásperos / destoantes / como um Munch / todo o quarto / como um Munch / há a vodka / talvez / talvez não / houve, há e haverá / casa de espelhos em meio á névoa / em meio ao gel soporífero e alucinante / e sonhos que não serão melhores / nem piores / nem os mesmos... / livros abertos amontoados / letras que se embaralham / palimpsesto / imprecisas / trazendo à tona segredos ocultos / de tempos relativizados mesclados / que não serão lidos / não / não através desta lente / gelatinosa / que desfoca todos os sentidos / e todos os sentidos / em todos os sentidos / e... / sim / também / ainda talvez / também isso / e algo mais / sem o sono / sem a possibilidade do sono...





Caleidoscopicamente e....



(Do livro inédito "Parafernália Teratoscópica")





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“Pesquisas recentes revelaram ao público o fato de esses povos ‘primitivos’ serem detentores de avançadas tecnologias em vários setores e também de um muito bem articulado sistema de escrita. Há consenso entre os estudiosos de todo o mundo sobre a transliteração dos caracteres cuneiformes utilizados por estes povos no intuito de registrarem seus vastos conhecimentos. No entanto, na questão da tradução e da significação das palavras formadas reina intensa divergência entre os lingüistas. Tomemos por exemplo a frase colocada como epígrafe a este texto: Yilla eh nhanná prakulli djombi. Ela foi encontrada gravada em uma das colunas do pórtico de uma das oito vilas que formam o complexo arqueológico de Al Benakor (...)”.





Contos

As crônicas de Gotzey I -- 19/03/2000 - 16:06 (André Duarte)

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“Se há um sentido que possamos extrair de tudo isso, é simplesmente a máxima de que tudo o que vive serve de alimento. Simples assim: uma harmônica cadeia de suculentas guloseimas que se devoram mutuamente.”





MIOOOLOOO!!! -- 22/03/2000 - 21:04 (André Duarte)





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“ E se os alienígenas não gostarem de Bach?”

André Duarte



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“Abro o livro, revejo algumas anotações feitas às pressas na rodoviária antes de embarcar. Queria deixar para depois, dormir mais um pouco, atrasar o café e, quem sabe, esquecer-me do dia. Segunda, terça, quarta... Não receber o jornal deixado à minha porta antes das cinco da manhã; isentar-me das especulações metafísicas que me assaltam. Elas nunca me levarão a lugar algum, sei disso, não há prosseguimento. Não têm nada a ver comigo; são somente um desvio, tomado como forma de distração, apenas para inocentar-me da acusação de ser superficial, de preocupar-me de menos, não dar a devida importância.

O ônibus chega ao destino. É hora de colocar o livro embaixo do braço. Dar uma volta pela cidade, beber um refrigerante ou uma cerveja, dependendo da disposição do meu estômago nesta hora da manhã. Fingir um falso deslumbramento, acender um cigarro e observar as pessoas, como se fossem monumentos, como se fossem ruínas antigas...”



Crônicas

TURISMO -- 22/03/2000 - 10:13 (André Duarte)



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“O Peixe Existencialista





Nada”

André Duarte





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“Vou ao banheiro; aproveito para dar uma olhada no meu rosto ao espelho: preciso cortar o cabelo e fazer a barba. Mas somente no último dia de férias, daqui a duas semanas. Lembro-me de uma inscrição numa camiseta e digo para mim mesmo: ‘Não encha o saco, estou de férias.’ ”





RUÍDOS, OU SUA AUSÊNCIA -- 21/03/2000 - 11:24 (André Duarte)

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“Alguns demônios travessos provindos de todas as religiões conhecidas ou ainda por serem inventadas divertem-se espalhando o lixo deixado sobre a calçada e estouram lâmpadas queimadas sobre o asfalto molhado. Alguns sátiros e ninfas repletos de paixão jogam e chutam latas de cerveja vazias, trepam e urram alucinados dentro dos túneis e trincheiras iluminados apenas pelos faróis dos carros que passam frenéticos e buzinam estrondosamente. Bodes e cabras soltos por toda a cidade destroçam as plantas dos prédios, rasgam os sacos de lixo e espalham tudo aquilo que não comem.”



VINDIMA, de André Duarte

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