METAMORFOSE PETISTA
Filemon F. Martins
Li, dia 08/12/2003, manchete da Folha de S. Paulo: “Não dá para fazer as reformas que eu desejo,” afirma Lula. Tem razão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não dá, porque as reformas propostas até agora não são do Partido dos Trabalhadores. Para quem não se lembra, são reformas iniciadas e propostas pelo PSDB, de Fernando Henrique Cardoso e impostas pelo FMI. A Reforma da Previdência, por exemplo, se iniciou com a aprovação da Emenda Constitucional 20/98, quando foi montada uma verdadeira operação junto ao Congresso Nacional envolvendo desde a compra de votos de parlamentares, contando com o apoio ilimitado dos meios de comunicação e da elite nacional.
A senadora Heloísa Helena (PT) votando contra a Reforma da Previdência, copiada pelo PT, afirmou: “Vou votar como o PT votou seis vezes: contra a taxação dos inativos. Vou votar contra a reforma da Previdência dos trabalhadores do setor público, porque o PT votou contra. O PT combateu, em 1998, quando o Fernando Henrique a apresentou. Vou votar contra essa reforma da Previdência, porque ela não faz nada pelos filhos da pobreza, pelas crianças que entram mais cedo no mercado de trabalho. Ela não faz nada pelos excluídos.”
Lamentável que em São Paulo, a prefeita Marta Suplicy (PT) esteja adotando a criação de cargos sem concurso público, o que é um desrespeito à Constituição Federal e ao cidadão. Dias atrás, a Câmara Municipal aprovou em primeira votação, como informa o jornal Folha de S. Paulo, um projeto que cria mais 450 cargos para os CEUs (Centro Educacionais Unificados). Anteriormente, já tinham sido criados outros 465 postos para as subprefeituras, o que significa que os cargos sem concurso podem subir para o total de 915.
Como se vê, a transparência que o PT apregoava antes de chegar ao Poder, valia apenas para os adversários políticos. Hoje, o PT faz e acontece: está montando um aparelho que lhe dê, através de contribuições de seus filiados, sustentação financeira. É o que reza o artigo 172 § 1º do Estatuto do Partido dos Trabalhadores: “ Os filiados ocupantes de cargos de confiança, assessores dos detentores de mandatos executivos, mesas legislativas e lideranças de bancadas, que não sejam funcionários públicos efetivos, deverão efetuar uma contribuição financeira mensal, conforme tabela progressiva a que se refere o artigo 173 deste Estatuto. § 1º: Os filiados funcionários efetivos ocupantes de cargos de confiança deverão efetuar sua respectiva contribuição financeira mensal, calculada com base em seu salário normal, e, ainda, com base na diferença salarial decorrente de sua nomeação, obedecidos, respectivamente, os percentuais previstos nos artigos 170 e 173 deste Estatuto.” (os grifos são meus)
É de suma importância destacar o comentário feito por Janio de Freitas, em sua coluna na Folha de S. Paulo, dia 09/12/2003: “Tudo se volta contra quem passou a vida trabalhando ou trabalha ainda como assalariado ou como funcionário civil. O governo do Partido dos Trabalhadores pune quem não se tornou patrão ou, por qualquer modo, não se fez capitalista. Dá para entender a defesa petista de quem, em Santo André, ascendeu de guarda-costas a próspero empresário.”
Desta vez, o povo soube dizer não à política recessiva do PSDB e dos seus aliados. O PT é que não soube honrar seus princípios, suas promessas de campanha e assim nossos sonhos e esperanças vão se tornando pó. Mas nossos votos continuam sendo a nossa arma.
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