“A Guerra é uma Arte Inexacta”
(Comunicado do comando das forças armadas dos USA)
A guerra é uma "arte" inexacta,
Explica, arrogante, "o artista"!
Numa aldeia pobrezinha,
Nove corpinhos esvaídos
De vermelho sangue pintam
O chão de terra batida.
Meninos pequenos brincando
No perímetro da aldeia,
No largo de sua casa,
Onde uma bomba certeira
Deflagra e em cheio acerta
Sobre o germe do futuro,
Deixando despedaçadas
Nove crianças caídas.
Esta "arte" se cultiva,
Nos leva tudo o que resta
Inexacta?!... ó desventura!
Ainda ontem dormiam
Nas suas pobres enxergas,
De ora em diante, em covas
Cobertas de fria terra!
Ceifada a sua infância
Por despudor e arrogância
De quem de mesquinho enxerga
Ser" arte" a desgraça da guerra
Inexacta... e mero acidente,
Matar-se tanto inocente,
Deixando "os artistas" soltos
Deixando Bush e os outros!
Em luto e miséria, os povos.
Falar-se de "boas festas"
É insultar as crianças:
Sua prenda derradeira,
Será um caixão por ventura,
Ou talvez tal nem exista
Na aldeia nua e desfeita
E os vão meninos para a cova
Embrulhados numa manta!
Uma coisa só é certa,
Se bem que "arte" não seja
É de certeza inezacta
esta, toda e qualquer guerra!
Lisboa, 8 de Dezembro de 2003
|
