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Cartas-->Sons para festas -- 07/11/2010 - 06:46 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Veja mais==>>>Einstein no caminho já dissera. Ein Stein...uma pedra...
texto


































Meu caro sobrinho Durval,
Fiquei feliz por muito tempo na festa do seu aniversário, reunião que sempre nos dá chance de estarmos com toda a família e com seus amigos. Mas quando dei conta do "som" que fluía no salão, tive a petulância de mimicar meu desagrado: ora tapava meus ouvidos com mãos, ora punha polegar para baixo.
Os mais velhos que estavam próximos de mim não concordam com meu protesto. Dizem que a festa era dos jovens, como se nós não pudéssemos nos manifestar a respeito do que ocorria. Insisti com meus sinais, pois eu participava da festa e me sentia bem jovial até aquele momento.
Face ao clima que se formou, em que ouvi vozes dando-me como derrotado, fui até o sobrinho disc-jóquei, o Cacá, e lhe disse que não concordava com a balela de que a música é só para jovens; disse-lhe que música, para mim, tem que ter melodia, pode ter vozes, deve seduzir os ouvidos das pessoas, sem que seja preciso desarquivar os sucessos bregas de outrora, mas ninguém tinha que ouvir aquele "tumdum" infernal.
Agora, nesta madrugada, fui acordado pelo barulho da avenida, e passei a refletir sobre minha saída mais cedo da nossa festa. Veja que a festa era do seu aniversário, mas todos festejavam o seu dia, portanto, a festa era nossa também. Lembro-me que lá estavam netinhas, minha e do seu tio João, e que elas também sofreram aquela agressão sonora. E vou mais fundo, reflito sobre os efeitos daquele ruído nas mentes de todos após festejo.
É quando me lembro de que me inscrevi, como candidato a uma vaga, para a 6ª OFICINA DE REALIZAÇÃO AUDIOVISUAL/FORUMDOC-2010. Do reclame do dito fórum se lê que "... os participantes são convidados a pensar o som (e o silêncio) como pensamento e linguagem dotada de características próprias, como aquilo que se revela e significa fora do quadro, conferindo novas camadas de sentido à imagem com a qual dialoga. A oficina tem, também, como objetivo, apresentar diferentes processos de captação e suas adversidades, equipamentos, e técnicas através de exercícios de campo e audição do material,...".
Antecipo-me ao evento citado e peço-lhe atenção para o que rola em minha cabeça sobre o quadro da nossa festa. Havia um ying, um ambiente relaxante: um encontro muito prazeroso de muitos: belos e jovens pares, idosos sorridentes, crianças alegres; além gente, muitas cervejas, uísque, a "Marimbondo", e ótima churrascada. Como pano de fundo, para equilíbrio do todo, veio o yang, o som estressante, que completa o quadro. Até aí, tudo "normal", gente que gosta, gente que não gosta, gente que nem sabe se gosta, que diz que os velhos não são considerados, papapá, tititi... Aí é que mora o perigo. "Viver é muito perigoso", como diz J.G. Rosa in "G.S.V.".
Cara, agora é que vejo, é preciso muito cuidado com o som que se põe nos ouvidos das pessoas, cada qual dialoga com ele do seu jeito, e às vezes nem dialoga, simplesmente, o recebe como uma dose de entorpecente; e sabe lá o que vai se dar com aquela cabeça depois. Aquele som que foi colocado ali era, a meu ver, adoecedor; pra mim, o Cacá, como disc-jóquei, anda assistindo filmes de muita tensão; por isso, os sons de tiros e socos dialogam com os "tumduns" das suas festas.
Ao final da festa, fica em sua casa o ambiente relaxante, à espera do próximo evento, mas o som estressante vai embora, levado pela mente de cada participante, como se fosse preparo para agressões maiores. Ignoro os efeitos que farão na cabeça de cada festeiro, mas agora creio que fui acordado nesta madrugada, não pelo barulho da avenida...
Por tudo isso, peço-lhe que não catives aquele tipo de som. A propósito, leia o pequeno trecho que copiei, abaixo.
Abraços do seu tio
E.T.
O pequeno príncipe. de Saint Exupéry. (Trecho)
"...E foi então que apareceu a raposa:
— Bom dia, disse a raposa.
— Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
— Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
— Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
— Sou uma raposa, disse a raposa.
— Vem brincar comigo, propôs o príncipe, estou tão triste...
— Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
— Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
— O que quer dizer cativar?
— Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
— Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
— É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
— Criar laços?
— Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
— Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o som de passos que será diferente dos outros. Os dos outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o som do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
— Por favor, cativa-me! disse ela.
— Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
— A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!"























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