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Artigos-->Um Feliz e Inusitado Encontro Com André Duarte -- 08/12/2003 - 11:11 (Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Contos

UM FELIZ E INUSITADO ENCONTRO COM PAPAI NOEL -- 15/04/2000 - 17:48 (André Duarte)

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Havia uma ansiedade contra a qual lutar faria com que o pequeno Alex parecesse uma criatura ridícula, debatendo-se em espasmos e socos inutilmente desferidos em direção a um inimigo invisível e zombeteiro. E esse animal imaginário, com o qual se enriquecia a atemorizante coleção de seu bestiário infantil, escondia-se, estampava-se em cada rosto, dissolvia-se e retornava, pregando-lhe um susto, surgindo de dentro dele, subitamente, expondo a horrível face e um sorriso doentio (um misto de ferocidade e do prazer nela contida e, ainda, o deboche), por dentro da sua camisa, junto a ele, como um apêndice vivo e monstruoso, enfiando-lhe o dedo pelo nariz, fazendo-o suar em meio aos calafrios. A mãe trazia-lhe um doce, que praticamente fora forçado em sua boca, o animal desaparecia. Enquanto Alex mastigava sem vontade a guloseima, que se agarrava a seus dentes e céu da boca numa tentativa desesperada de não ser lançada ao fosso escuro, a mãe arrumava a roupa nova e amarfanhada, dentro da qual ele sentia-se oprimido:



--Hoje é dia de ficar bonito, bobinho... Tem de tomar mais cuidado com a roupa...



Ficar bonito? Para os vizinhos? Era apenas um jantar de natal. Todos os vizinhos reuniam-se, cada ano um oferecia a casa, e era o único dia em que os meninos relutavam em brincar. Choramingavam, puxavam seus pais e mães e queriam logo voltar para suas casas. Assim como os adultos, todas as crianças também estavam ali, reunidas como em todas as noites, como na noite anterior em que apostaram corridas de bicicletas e depois planejaram e executaram a estratégia para tomar de assalto a "Casa Assombrada" do fim da rua para lhe quebrar todos os vidros. Talvez os espíritos passassem frio e resolvessem mudar para outras vizinhanças. Os espíritos foram expulsos e com eles foram também os meninos do outro quarteirão, encontros de encrencas freqüentes, carregando um de seus cabeças-de-ponte de cuja testa o sangue jorrava em borbotões após uma violenta descarga de pedras e cacos de tijolo. Eram agora os donos do pedaço, mas ainda deveriam temer as represálias quando cada um deles fosse mandado por seus pais à padaria ou à banca de jornais, que se situavam nas linhas inimigas.



Mas talvez o mais estranho fosse o fato de que a casa que sediava a confraternização natalina era a casa dos pais do Zezinho. Este proibira toda a turma, e principalmente Alex, devido a alguma olvidada desavença (agora era mais uma questão de orgulho), de passar pela calçada defronte, que vigiava brincando sozinho com o carrinho de controle remoto que ganhara no natal passado e esnobava. Zezinho era grande, mais forte que os outros da turma, e a cada vez que alguém esquecia-se da proibição, ele reforçava-a à base de dolorosos cascudos. Agora todos viam Zezinho humilhado, pois sua ordem fora transgredida por imposição de instâncias superiores.



Nenhum dos meninos se aproveitara da situação e todos queriam voltar para suas casas. Só o tempo de desembrulhar os presentes deixados junto às árvores de natal pelo Papai Noel, cuja existência já vinha sendo questionada por alguns dos membros mais velhos da turma. Mas Alex sabia que ele existia. Recebera a carta em reposta aos seus pedidos, todos os anos anteriores ele passou por lá, sempre surpreendendo-o. Seus pais haviam confirmado que ele existia. Mas o que Alex queria, mais do que desembrulhar os presentes, era poder surpreender Papai Noel no momento em que este estivesse ocupado demais descarregando os presentes da família e se refestelando com as guloseimas que haviam deixado para ele como prova de gratidão e hospitalidade.



O relógio marcava mais de meia-noite. Era a hora combinada para regressarem e verificarem se os presentes já haviam sido deixados sob a árvore. Alex procurou os pais, mostrou-lhes os ponteiros do relógio. O pai estava absorto numa discussão sobre futebol com os vizinhos, a mãe, reunida com outras de sua espécie, que comentavam as travessuras dos filhos.



--Só mais um minutinho... Já estamos indo...



As conversas ainda se prolongaram por um tempo incalculável, relativizando completamente as noções pessoais de como cada um daqueles grupos de pessoas (crianças e adultos) o percebiam. Até chegar o momento em que as crianças estavam demasiadamente alvoraçadas, algumas choramingavam, outras irritavam-se. Enfim, os pais tiveram de ceder e interromper seus assuntos. Alex saiu puxando a mãe pela mão, praticamente arrastando-a através da rua. Eram menos de vinte metros, distância que deveria ser transposta como se alguém necessitasse de socorro urgente.



Alex tomou as chaves da mão de sua mãe e correu para a porta, girando-a com facilidade, empurrou a porta e correu para o interior da casa. Ao chegar à sala, percebeu um vulto que fugia em direção à cozinha. Deu-se início à perseguição. Quando Alex chegou ao quintal da casa, gritando e deixando todos os moradores da casa preocupados, o estranho vulto já estava pulando o muro e havia concluído sua fuga. Alex chegara a tocar no que parecia ser a bota do Papai Noel pouco antes que este transpusesse completamente o muro.



Alex estava entusiasmado, vira Papai Noel, e gritava para todos os da casa, convicto de que as dúvidas sobre a existência do Bom Velhinho eram desprovidas de qualquer fundamento. Ele o vira com os próprios olhos, (não claramente, mas isso pouco importava), praticamente o alcançara, e isso valia mais que qualquer presente que ele pudesse ter deixado. E se ele surpreendera o velhinho antes dele poder deixar os presentes? Isso não mais preocupava Alex... Rapidamente correu até a sala, onde havia sido montada a árvore de natal. Os presentes estavam ali.



--Papai Noel está aqui! Papai Noel está aqui!



Gritava Alex ao voltar da perseguição ao vulto surpreendido.



De repente, seu pai estava de posse de seu revólver, mandando sua mãe manter as crianças dentro de casa. Seu pai saiu para rua gritando, e acompanhado por outros vizinhos. Alex não entendia nada do que estava acontecendo. Mas nada disso iria arruinar sua felicidade. Nem seus pais que sabiam a verdade e preferiram utilizar-se do fato daquela noite para manter acesa no coração da criança a crença no Papai Noel.



Somente alguns anos depois foi que Alex descobriu o que realmente havia acontecido naquela noite. Não fora o Papai Noel que ele tinha visto, mas algum ladrão que se aproveitava da ausência das pessoas na noite de natal para invadir suas casas e subtrair algo. E o que importa isso agora?



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