Ingratidão
Quero-me ignorada abstrata.
Sozinha no meio da multidão,
sem ódio nem compaixão.
Gente, gente e o que cada um
sente, entra sem bater, invade,
o meu ser, põe meu coração a
doer.
Que mal me faz esta gente
descontente.
Que culpa me traz carregar
este querer longe deles ficar.
Ingratidão egoísmo, esta vontade
de ser só. Não levar cruz a ninguém,
e não aceitar as cruzes que querem
em mim colocar .
Meu Deus! Meu Deus! Sinto-me
tão mal por ser assim.
Sei que Cristo é piedade,
compaixão, amor, perdão.
Então com que direito insisto em
viver cá do meu jeito? O que me
rouba a paz da alma?
É não aceitar a missão, é ser
incapaz de fazer a lição.
Lita Moniz
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