(...ao meu pai)
E quantas coisas me contaram,
sobre teu jeito matuto e calado,
de demonstrares quão astuto és,
no ato do fato, por um resultado.
Tua história percorrerá o tempo,
contada nos salões e ao relento,
vai encantar ouvintes curiosos
e aos mais exigentes e atentos.
Hão de contar sobre as boiadas,
tangidas ao som de um berrante,
a mula madrinha, o boi arribado,
a doce vida de boiadeiro errante.
A mão forte que desmatou acres,
de terras que sulcadas pelo arado,
semeadas e umedecidas de preces,
fizeram brotar searas nos cerrados.
Das viagens que fez pelos sertões,
ao norte e ao sul deste nosso país,
trocando uca por víveres das selvas,
levando gado por terras mais gentis.
Contarão sobre os filhos que criastes,
cujos nomes não constam das legendas,
lembrados como diria tua companheira,
como se fossem as tuas nove fazendas.
AdeGa/96
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