A RAPINAGEM OFICIAL
Filemon F. Martins
Depois de algumas horas de discussão, o Senado Federal aprovou em primeiro turno a Reforma da Previdência, como já o fizera a Câmara dos Deputados. Segundo os jornais, para conseguir a aprovação da Reforma, o Governo Federal “trabalhou” duro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou pessoalmente para senadores que resistiam em votar a favor do governo.
A gigantesca operação para assegurar a vitória do Planalto, no Senado, foi semelhante à que ocorreu na Câmara dos Deputados e passou pela “liberação” de verbas para os aliados. Conforme o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), a senadora Maria do Carmo Alves (PFL-SE), conseguiu levar para Sergipe, Estado governado pelo seu marido João Alves, R$ 24 milhões. Renan Calheiros fez um apelo para que a bancada do PMDB votasse unida com o governo, mas avisou: “O PMDB não quer cargos.” Justamente o que o partido tem buscado nesses 11 meses de governo Lula. Com certeza haverá outras concessões para aliados e quem não levou vantagem ainda, deverá cobrar a fatura na votação da Reforma em segundo turno, no Senado.
A elite brasileira continua sorrindo. Nem mesmo Fernando Henrique Cardoso, de origem elitista e com seu brilhantismo intelectual, fez melhor do que Lula está fazendo para agradar banqueiros e o FMI. Clóvis Rossi, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, dia 29/11/2003, afirma que “o PT escolheu a perspectiva da “pátria financeira”. Será feliz com ela, como foram Menem, Fugimori, Salinas de Gortari.” O jornalista Élio Gaspari, em artigo também publicado na Folha, foi categórico: “ Os tucanos venderam um patrimônio existente. Sem ter o que torrar, Lula quer vender as necessidades do povo. Os empresários querem a concessão e as tarifas, mas não pretendem botar dinheiro deles no negócio, baseado nos ensinamentos da baronesa Tatcher ou do mexicano Carlos Salinas de Gortari, o PT- Federal concebe parcerias nas quais o governo entra com o dinheiro para pagar as obras e garante aos maganos o povo para pagar as tarifas.”
Dias atrás o Ministro Ricardo Berzoini, o homem que lidera a Reforma da Previdência, suspendeu o pagamento das aposentadorias dos velhinhos com mais de 90 anos e quis obrigá-los a abrir conta bancária. Agora, embora a Justiça tenha determinado ao INSS que faça a revisão dos benefícios, o Ministro insiste em descumprir a ordem judicial. Apesar dos pesares, o Judiciário tem sido a salvação do cidadão brasileiro, que se vê obrigado a recorrer a Justiça para ter seu direito reconhecido e respeitado. O próprio governo, ao longo do tempo, tem-se encarregado de abarrotar o Judiciário de ações decorrentes dos “empréstimos compulsórios de combustível, veículos, viagens, planos Bresser, Collor, Verão, INSS e FGTS.”
Não fosse a intervenção do Judiciário, a rapinagem contra o brasileiro seria ainda maior. A 1ª Instância está atolada de processos, os Tribunais Regionais e Superiores estão entupidos de Apelações, Agravos e Recursos protelatórios. Em São Paulo, a televisão mostrou o Juizado Especial Federal fazendo um esforço sobre-humano para atender aos idosos que madrugam nas filas em busca de revisão de seus benefícios, direito já ganho na Justiça, mas desrespeitado pelos que dirigem o País. Não é à toa que querem desmontar o Judiciário.
O Partido dos Trabalhadores está jogando sua credibilidade conquistada junto ao povo, na lata do lixo. Diz que está pronto para enfrentar os ataques do PSDB. Pode ser. Quero ver se estará pronto para enfrentar nas urnas, o povo, os servidores públicos, os aposentados e os trabalhadores em geral, que não conseguiram emprego ou o perderam nesses primeiros 11 meses de governo Lula, quando a expectativa era que o Governo Federal estivesse obstinado em diminuir o desemprego e não aumentando o pesadelo dos menos favorecidos. O pior é que uma péssima administração, como foi a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e tem sido a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acaba incentivando outras administrações ruins pelo Brasil. Quem está no Poder, transforma-se em referência e espelho. Governadores e Prefeitos querem agradar ao Planalto, agindo com a mesma demagogia que está caracterizando o PT e seus aliados. Não há País que agüente oito anos de PSDB e mais quatro anos de PT com tamanha rapinagem.
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